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Após veto dos EUA de adesão palestina às Nações Unidas, Abbas diz que vai “rever” relação com o país

“A liderança palestina irá rever as relações bilaterais com os Estados Unidos para garantir a preservação dos interesses do nosso povo, da nossa causa e dos nossos direitos”, disse Abbas neste sábado (20) em uma entrevista à agência de notícias palestina Wafa.


O presidente da Autoridade palestina, Mahmoud Abbas, em Ramallah
 AFP – JAAFAR ASHTIYEH

Na prática, romper as relações com os EUA será difícil, já que a Autoridade Palestina depende da ajuda financeira americana. O próprio Abbas, hoje com 88 anos, está politicamente enfraquecido após os ataques israelenses na Faixa de Gaza e o aumento da violência na Cisjordânia ocupada.

Os palestinos, que desde 2012 são considerados como “Estado observador não membro” na ONU, pediram ao Conselho de Segurança o reconhecimento do “Estado palestino”, já aceito pela maioria dos Estados-membros.

Mas os Estados Unidos, que fizeram o possível para atrasar a votação, recorreram na quinta-feira ao seu direito de veto para proteger o aliado israelense.

O projeto de resolução apresentado pela Argélia, que recomendava a adesão palestina, recebeu 12 votos a favor, 1 contra e 2 abstenções (Reino Unido e Suíça).

“O Estado da Palestina é inevitável, é real”, disse aos prantos o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, em Nova York, após a votação.

O veto americano “despertou uma raiva sem precedentes entre os palestinos e as populações da região, levando potencialmente à região maior instabilidade, caos e terrorismo”, alertou o presidente Abbas no sábado.

A Autoridade Palestina disse que “desenvolverá uma nova estratégia” para afirmar as suas escolhas “de forma independente”.

O Hamas, que está no poder na Faixa de Gaza, também condenou o veto americano, garantindo que o povo palestino continuaria “a sua luta até ao estabelecimento de um Estado independente e totalmente soberano, com Jerusalém como capital”.

Os Estados Unidos repetiram que a sua posição “não mudou” desde 2011, quando o pedido de adesão apresentado por Mahmoud Abbas foi interrompido antes mesmo de chegar à votação.

Washington acredita que uma solução política não pode ser imposta aos dois Estados e deve resultar de um processo negociado.

“Esta votação não reflete a oposição a um Estado palestino, mas é um reconhecimento de que só pode surgir de negociações diretas entre as partes”, explicou o vice-embaixador americano Robert Wood na quinta-feira.

EUA renunciam a compromisso de paz

A maioria dos membros da ONU (137 de acordo com a contagem da Autoridade Palestina) já reconheceu unilateralmente um Estado Palestino.

“Enquanto o mundo concorda com a aplicação do direito internacional e defende os direitos dos palestinos, os Estados Unidos continuam a apoiar a ocupação, recusando-se a forçar Israel a pôr fim à sua guerra genocida” em Gaza, insistiu Abbas.

Na sua opinião, os Estados Unidos “renunciaram a todos os seus compromissos relativos à solução de dois Estados e à busca da paz na região”, disse.

Ele também criticou país, o principal doador de Israel, “por fornecer a Israel armas e financiamento que estão matando os nossos filhos e destruindo as nossas casas”.

Com informações da AFP

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