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Macron defende sanções europeias contra Irã; Israel segue afirmando “direito de se proteger”

Os líderes da União Europeia discutem nesta quarta-feira (17), em Bruxelas, um reforço das sanções contra o Irã, na sequência do ataque realizado no fim de semana por Teerã contra Israel. O incidente aumenta os receios de uma escalada nos conflitos na região, algo que as potências mundiais tentam evitar. Em resposta, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reiterou o direito do seu país “de se proteger”.


O presidente francês, Emmanuel Macron (segundo da esquerda para a direita), incitou seus colegas em Bruxelas a ampliares as sanções europeias contra o regime iraniano.
 AP – Olivier Hoslet

Israel prometeu responder ao ataque de drones e mísseis do Irã, que nunca tinha realizado uma ofensiva direta contra o território israelense, sem dar detalhes da reação planejada. O ataque de Teerã foi, em si, uma resposta ao suposto ataque israelense à embaixada iraniana na Síria, em 1° de abril.

Os apelos por uma não reação, especialmente por parte dos líderes europeus, aumentaram nos últimos dias, à margem de uma guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, que entrou no seu sétimo mês.

Antes do Conselho Europeu, que tem início na noite desta quarta-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, indicou que vários membros do bloco propuseram aumentar o regime de sanções contra o Irã, incluindo, por exemplo, a proibição de qualquer entrega de mísseis à Rússia ou para aliados regionais de Teerã que se opõem a Israel.

“O nosso dever é expandir estas sanções”, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, aos jornalistas ao chegar à cúpula europeia.

“Somos a favor de que haja sanções que também possam atingir todos aqueles que ajudam a fabricar mísseis e drones utilizados durante o ataque” efetuado no fim de semana pelo Irã, acrescentou.

Algumas nações europeias também propuseram sanções à Guarda Revolucionária, unidade de elite do exército iraniano supostamente envolvida no ataque a Israel.

“Medidas adicionais visando à Guarda Revolucionária exigem verificações legais”, disse o chanceler alemão, Olaf Scholz, antes do início do encontro. Ele reiterou a necessidade de não provocar uma nova escalada do conflito.

De acordo com um projeto de declaração do conselho, divulgado pela agência de notícias Reuters, os líderes europeus irão condenar o ataque do Irã, reafirmar o seu compromisso com a segurança de Israel e apelar a todas as partes para evitarem mais tensões, incluindo no Líbano.

“A UE está pronta para tomar medidas restritivas adicionais contra o Irã, em particular em relação a drones e mísseis”, diz o documento.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, denunciou o ataque do Irã como um exemplo de uma “nova liga de autoritários” que trabalha para destruir a ordem internacional e levar as democracias ao conflito.

Ao adotar novas sanções contra Teerã, os Estados Unidos e outras potências ocidentais esperam convencer Israel a limitar a escalada da anunciada retaliação.

Os chefes de estado e de governo da UE também devem discutir a guerra na Ucrânia e a competitividade econômica do bloco durante o encontro, que tem a duração de dois dias.

Apelo “ao mundo inteiro”

Israel “se reserva o direito de se proteger”, afirmou Benjamin Netanyahu durante os encontros com ministros europeus.

Já o chefe de Estado israelense, Isaac Herzog, apelou “ao mundo inteiro” para combater a ameaça representada pelo Irã, “que procura minar a estabilidade de toda a região”.

Quase todos os 350 drones e mísseis lançados pelo Irã contra Israel foram interceptados pelas defesas aéreas, com a ajuda dos Estados Unidos e de outros países aliados.

“Não podemos ficar de braços cruzados perante tal agressão, o Irã não sairá ileso”, prometeu na terça-feira (16) o porta-voz do exército israelense, contra-almirante Daniel Hagari, sem especificar de que forma será esta resposta. Os Estados Unidos, aliados de Israel, disseram que não queriam “uma guerra prolongada com o Irã” e que não participariam numa reação israelense.

Em Gaza, uma trégua cada vez mais distante

O Ministério da Saúde do Hamas contabilizou quarta-feira 56 mortes em 24 horas em todo o território palestino, sitiado e bombardeado diariamente por Israel. Isto eleva o número de mortos na ofensiva para 33.899, a maioria deles civis, segundo o mesmo órgão. De acordo com o Catar, as negociações para uma trégua estão “estagnadas”.

Num sinal de escalada na fronteira entre Israel e Líbano, o Hezbollah anunciou na quarta-feira que tinha atingido uma base militar no norte de Israel com drones e mísseis explosivos, em resposta aos ataques que mataram três dos seus combatentes no dia anterior. Segundo o exército israelense, 14 soldados ficaram feridos, seis deles de forma grave.

(Com AFP)

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