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Primeiro grupo de 13 reféns libertados pelo Hamas chega em Israel

Troca de sequestrados por presos palestinos e cessar-fogo vai durar quatro dias, mas pode se estender para dez caso mais pessoas sejam libertadas; trégua também permite a entrada de ajuda humanitária no enclave

Mohammed ABED / AFP
Veículos internacionais da Cruz Vermelha supostamente transportando reféns libertados pelo Hamas cruzam o ponto fronteiriço de Rafah, em Gaza, a caminho do Egito, de onde seriam transportados para Israel para se reunirem com suas famílias

Chegou em Israel nesta sexta-feira, 24, o primeiro grupo de reféns do Hamas que começou a ser libertado após o início da trégua entre Israel e o grupo islâmico, que começou nesta sexta às 7h (2h em Brasília). A informação é do Exército de Israel. “As forças especiais do Exército e os serviços de Inteligência israelenses se encontram atualmente com os reféns libertados” que “foram submetidos a exames médicos iniciais em território israelense”, afirmaram as forças de Israel em um comunicado”, disseram as autoridades. Nesta primeira leva, 13 dos 240 sequestrados foram soltos.

No grupo estão mulheres e menores de idade. Além desse primeiro grupo, 12 tailandeses também foram libertados pelo grupo islâmico em Gaza, contudo, trata-se de negociações paralelas, que não tem relação com o acordo firmado entre Israel e Hamas nesta semana que prevê a libertação de 50 reféns em troca de 150 presos palestinos, cessar-fogo e entrada de ajuda humanitária. Os reféns israelenses serão encaminhados para centros médicos preparados para atendê-los, e serão submetidos a exame médico para determinar suas condições de saúde. O assessor israelense, Ziv Agmon, informou que há cinco hospitais prontos para tratar os reféns libertos. De acordo com Agmon, os reféns serão tratados por médicas.

Após os exames médicos, os resgatados poderão fazer um contato inicial por telefone ou videochamada – “sob a supervisão de profissionais” – com suas famílias, com as quais poderão se encontrar fisicamente no hospital para o qual forem transferidos. “Aqueles que puderem ir para casa irão para casa. Ainda não sabemos suas condições médicas”, analisou. Essas pessoas não têm contato com os familiares e o mundo externo há 49 dias e muitos não sabem o que está acontecendo e até mesmo que alguns de seus familiares podem estar entre os mortos no ataque de 7 de outubro. Em troca dos reféns, os israelenses se comprometeram em liberar nesta sexta 39 dos 300 presos palestinos (33 mulheres e 267 menores de 19 anos).

Entre eles, há 49 membros do Hamas. Neste primeiro grupo a ser libertado estão: 24 mulheres e 15 adolescentes condenados por terrorismo foram transferidos das prisões de Dambon e Megiddo para a prisão de Ofer, em preparação para sua libertação assim que os reféns detidos pelo grupo islâmico palestino forem entregues ao Exército israelense com a mediação da Cruz Vermelha. Embora sejam condenados por terrorismo, nenhum deles tem crimes de sangue na sua ficha. A Cruz Vermelha também atuará nesta operação. Ela será responsável pela recepção dos presos palestinos que foram solto.

A Sociedade de Presos Palestinos, que se limita a publicar os nomes dos prisioneiros, informou que desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, 3.145 palestinos foram detidos na Cisjordânia ocupada, um número que Israel reduz para cerca de 1.800 pessoas. Este número inclui aqueles que “foram detidos nas suas casas ou em controles militares, aqueles que foram forçados a render-se sob pressão e aqueles que foram retidos como reféns”, assegurou a Sociedade em um comunicado.

“A ocupação continua com campanhas sistemáticas de detenção, como uma das políticas constantes mais destacadas, e que se intensificou de forma sem precedentes depois de 7 de outubro”, acrescentou. Egito e Catar, os dois principais mediadores do acordo de trânsito temporário entre o grupo palestino Hamas e Israel, estão supervisionando, juntamente com os Estados Unidos, o cumprimento da pausa na Faixa de Gaza. O cessar-fogo, que durará quatro dias e poderá ser estendido para dez se o Hamas entregar mais pessoas sequestradas, servirá também para permitir a entrada de ajuda humanitária no enclave.

reféns do hamas

grande outdoor mostrando reféns israelenses detidos pelo Hamas em Gaza, em exibição em Tel Aviv, Israel │EFE/EPA/ABIR SULTAN EPA-EFE/ABIR SULTAN

“Há uma monitoração meticulosa e contínua por parte de todos os mediadores dos lados palestino e israelense para que esta trégua seja bem sucedida”, declarou a fonte da segurança egípcia, que pediu anonimato, acrescentando que “também há esforços durante esta trégua para discutir sua renovação entre as duas partes para que todos retornem à mesa de negociações” para uma paz rigorosa. A fonte observou ainda que ambas as partes, referindo-se ao Hamas e a Israel, prometeram que “não haveria violação da trégua e que esta continuaria a ser cumprida e sob os termos acordados”, e frisou que “não há condições que não foram anunciadas na trégua”. O Catar, principal canal de comunicação com o Hamas desde que abrigou seu escritório político em Doha, monitora o atraso temporário a partir de uma sala de operações aberta na capital. Em um vídeo, o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, diz que o grupo está comprometido em cumprir os termos da trégua.

“O Hamas prosseguirá os seus esforços para travar o ataque israelita a Gaza, completar a troca de prisioneiros, acabar com o bloqueio israelita à Faixa de Gaza e “atacar” a mesquita de Al-Aqsa, além de permitir que o povo palestiniano perceba todo o seu legítimo direito nacional a um Estado independente com Jerusalém como capital, à autodeterminação e ao regresso dos refugiados palestinianos”, disse Haniyeh A trégua entre Israel e o Hamas entrou em vigor às 7h (hora local, 2h de Brasília), depois de mais de um mês e meio de guerra, no âmbito de um acordo que prevê a liberação de 50 reféns em troca da entrega de 150 prisioneiros palestinos.

guerra no Oriente Médio já deixou 1.200 pessoas mortas em território israelense durante um ataque do Hamas, que também sequestrou 240 pessoas, e 14.500 pessoas mortas na faixa de Gaza, entre elas mais de 5.500 crianças.  O acordo entre Israel e Hamas confirmou que o acordo contempla a entrada diária de 200 caminhões com ajuda humanitária, alimentos e medicamentos para distribuir por toda a Faixa de Gaza, incluindo o norte, bem como a distribuição diária de quatro caminhões com combustível, vital para o fornecimento de eletricidade ao enclave.

Apesar da trégua, os israelenses alertam que esse cessar-fogo não significa o fim da guerra, e alertou os moradores de Gaza que não é para voltar para o norte do enclave palestino. “O movimento de residentes do sul da Faixa de Gaza para o norte não será permitido de forma alguma”, disse o porta-voz em árabe do Exército israelense, Avichay Adraee. Em uma mensagem dirigida expressamente aos habitantes da devastada Gaza, o porta-voz militar advertiu: “A guerra ainda não acabou. O cessar-fogo para fins humanitários é temporário. O norte de Gaza é uma zona de guerra perigosa e é proibido circular por ela”.

Da mesma forma, recomendou que os habitantes de Gaza, “por segurança”, permaneçam no sul e reiterou que “só é possível deslocar-se do norte da Faixa para o sul através da autoestrada Salah al Din”, que se tornou a única via aberta por Israel para permitir que os palestinos fugissem da zona mais perigosa do enclave. Ontem à noite, o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, declarou mais uma vez que, uma vez terminada a “breve” trégua em Gaza, os combates dentro do enclave serão retomados “com intensidade” durante pelo menos mais dois meses.

*Com informações das agências internacionais 

 

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