Esporte

Titular na Colômbia e herói na Alemanha: dissecamos a carreira de Borré, reforço do Inter

Rafael Santos Borré é o novo atacante do Internacional. Um time que já conta com Lucas Alario e Enner Valencia, dois nomes “cascudos”, agora terá também mais um atacante que vem do futebol europeu. Borré teve carreira irregular na Europa, entre idas e vindas, e viveu o ápice na Argentina com Marcelo Gallardo. * O início de tudo foi em Valledupar, na Colômbia. Borré queria ser goleiro, e começou a jogar como zagueiro.

Foi sendo avançado com o passar do tempo, até que virou, de fato, atacante.  Ainda em Valledupar, quando tinha 14 anos, foi descoberto pelo olheiro colombiano Agustín Garizábalo. “Era franzino, tinha a cabeça grande, mas me chamou a atenção pela mobilidade”, lembrou Agustín anos mais tarde, em encontro promovido por um canal local.

Agustín o indicou para o Deportivo Cali, e lá Borré iniciou a carreira. Em Cali, também, ganhou o apelido de “Garantía Borré”. Era a garantia de gols da equipe. Aos 18 anos, estreou como profissional, em 3 de novembro de 2013, contra o Independiente Medellín. O primeiro gol só veio na temporada seguinte, e o destaque, de fato, apenas em 2015, em temporada com 16 gols em 31 partidas.

2015 foi o ano do salto para Borré. Foi, também, convocado pelas seleções de base da Colômbia. Jogou o Sul-Americano e o Mundial. O protagonismo nessas competições chamou a atenção do Atlético de Madrid, que o levou para a Espanha. Mas Borré não vingou por lá.  Retorno para a América e o ápice Santiago Muñoz, jornalista da Rádio Caracol, principal rádio da Colômbia, nos ajuda a apresentar Borré ao torcedor do Inter.

A passagem de pouco espaço em Madri, para Muñoz, foi devido a pouca experiência do atacante.  “Era o salto direto da Colômbia para a Espanha, e isso pode custar um pouco. Ele foi muito jovem, muito cedo. E para ser sincero, a nós colombianos às vezes falta essa mentalidade. Veja o que aconteceu com James no Bayern”, destacou Santiago.  A concorrência em Madri também foi dura.

O próprio Diego Simeone, anos mais tarde, analisou que Borré “chegou muito jovem. Mas desde então, seu desenvolvimento foi fenomenal”.  qÉ um jogador de muito sacrifício e entrega. Não economiza uma gota de suor. Além disso, é bastante móvel, joga e faz a equipe jogar Santiago Muñoz Depois de um empréstimo em que marcou apenas quatro vezes em 30 partidas no Villarreal, Borré voltou para a América do Sul.

Aí, sim, explodiu em seu momento mais vitorioso, campeão da Libertadores, da Recopa Sul-Americana, da Copa da Argentina e da Supercopa no River de Marcelo Gallardo.  Borré voltou a atingir os dígitos duplos em gol, e o fez em três anos seguidos em Nuñez. Sua temporada mais marcante foi em 2020, com 18 gols em 31 jogos, a melhor marca da carreira. Em 2018, Borré havia sido campeão da Libertadores contra o Boca, e no ano seguinte havia marcado na final, que terminou com virada histórica do Flamengo, de Jorge Jesus.

No meio de 2021, Borré voltou para a Europa.  Titular da seleção Foi ainda em 2021, depois do sucesso no River, que Rafael Santos Borré começou a ser um jogador mais regular na seleção colombiana. Desde ano passado, se tornou um titular indiscutível.  “É o goleador da era Néstor Lorenzo na seleção, com quatro gols, um dos titulares indiscutíveis e peça-chave para armar o ataque.

Como falso 9, ele deixa espaço para homens como James Rodríguez. Assim como nos clubes, seu trabalho defensivo na pressão na saída de bola do rival também é importante”, destacou Muñoz.  Rafael Santos Borré já soma 30 jogos com a seleção colombiana, 23 deles como titular. Marcou cinco gols e deu duas assistências. Com ele, a Colômbia ocupa a terceira colocação nas Eliminatórias, com 12 pontos, três a menos que a líder, Argentina, e com cinco de vantagem para o Brasil.

Herói em Frankfurt  Talvez os números, em si, não falem sozinhos sobre o que foi a passagem de Rafael Santos Borré em Frankfurt. O atacante conseguiu se tornar ídolo do clube com os gols mais importantes dos 124 anos de história do Eintracht.  Para nos contar um pouquinho sobre essa importância, convidamos o jornalista alemão Christopher Michel, do site Fussball News e do canal One Football, que começou por relembrar a chegada de Borré ao futebol alemão no verão de 2021.

“A contratação do Borré começou com Fredi Bobic (executivo de futebol do Eintracht na época) e o scout Ben Manga. Ben gosta de jogadores fortes mentalmente, que deixam tudo em campo. Borré tem essa mentalidade. O André Silva havia deixado o Eintracht, eles precisavam de um substituto. Eles tiveram muita sorte em achar Borré”, contou Christopher.

O colombiano acabou sendo visto como herói em Frankfurt. Em sua primeira temporada na cidade, o atacante participou, de forma decisiva, da campanha do título da Liga Europa, maior conquista da equipe. Borré marcou um dos gols na histórica vitória sobre o Barcelona, no Camp Nou, por 3 a 2, que classificou a equipe para a semifinal; deu uma assistência no jogo da ida, contra o West Ham, e anotou o tento que garantiu a vitória e a classificação para a final; e marcou o gol do empate na decisão contra o Rangers, que acabou com título nos pênaltis com gol de… Borré.

@Getty / “Ele se tornou uma lenda do clube na campanha da Liga Europa. Os fãs nunca vão esquecer os gols dele contra Barcelona, West Ham e, especialmente, na final contra o Rangers. É a maior conquista dos 124 anos de história do clube”, afirmou Christopher.  Na temporada seguinte, porém, Borré perdeu espaço no time. Muito por conta da chegada de Kolo Muani, que hoje brilha com a camisa do Paris Saint-Germain. Herói na temporada anterior, Borré acabou virando um reserva de luxo.

“O Kolo Muani logo conquistou espaço no time. Oliver Glasner precisava da cadência de Jesper Lindström, então Borré passou a primeira metade da temporada no banco. Quando Lindström se machucou, Borré teve mais oportunidades, mas nunca mais foi o mesmo. Ele sempre entregou tudo, ajudava o time, mas não conseguia ajudar da mesma forma”, analisou o jornalista.  Na temporada 2022/23, Borré fez 47 jogos, mas apenas 16 como titular.

Marcou três gols, e deu três assistências. O Eintracht perdeu a Supercopa da Europa para o Real Madrid, e a Copa da Alemanha na decisão para o Leipzig. O time terminou em sétimo na Bundesliga. Apesar da temporada abaixo do esperado, a torcida não gostou da saída de Borré, cedido por empréstimo ao Werder Bremen.  “Os torcedores ficaram com raiva, porque algumas horas depois (da confirmação do empréstimo), Kolo Muani deixou o clube. Sempre que o Eintracht não estivesse bem, os fãs cantavam o nome de Borré”.

Em Bremen, o atacante é titular e marcou quatro gols em 14 jogos, 11 deles entre os 11 iniciais. Christopher Michel acha difícil o Bremen se desfazer de seu atacante antes de achar um substituto no mercado.  “Eu não acho que o Werder vai liberá-lo no inverno. O clube é ameaçado pelo rebaixamento, Borré fez quatro gols. Eles precisam dele. Talvez faça mais sentido no verão (meio do ano)”, ressaltou.

Como pode jogar no Inter O único entrave da negociação, nesse momento, é justamente quando Borré viaja ao Brasil: agora, em janeiro, ou no meio do ano. Seja como for, o atacante será reforço do Internacional. E poderá reencontrar o argentino Lucas Alario, com quem jogou junto no River, por três partidas, e no Eintracht, por 25 jogos. Christopher acredita que os dois podem jogar juntos no ataque do Inter.  @Getty / “Na primeira coletiva de imprensa dele, eu perguntei ao Alario se ele preferia jogar sozinho ou acompanhado na frente. Ele disse que claramente preferia jogar em um esquema com dois atacantes.

Acho que eles (Borré e Alario) gostam muito um do outro e podem atuar juntos no Inter”, analisou.  As características de jogo de ambos também ajudam: são jogadores de mobilidade. Santiago Muñoz ressalta esse viés no jogo de Borré, algo que foi um diferencial para o atacante desde o início de sua carreira.

“É um atacante que não fica parado. O mais comum é o ver fora da área, não dentro dela. Tem boa capacidade de associação, de combinar jogadas e gerar jogo. Ainda assim, se adapta a várias funções. No próprio Eintracht, chegaram a usá-lo atrás do 9, Kolo Muani.

É um jogador, também, de pressionar no ataque, de maneira inteligente, e não tem problema em recuar para marcar. Pode jogar com outro atacante mais posicional, pode fazer o trabalho mais ‘sujo'”, analisou Muñoz.  “É um jogador de muito sacrifício e entrega. Não economiza uma gota de suor. Além disso, é bastante móvel, joga e faz a equipe jogar”, finalizou o jornalista colombiano. * Notícia atualizada com a confirmação de Borré pelo Inter

O Gol 

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