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Mike Johnson, novo presidente da Câmara dos EUA, pode se revelar “extremamente fraco”

O conservador Mike Johnson, um fervoroso apoiador do ex-presidente Donald Trump, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados dos EUA na quarta-feira (25). O representante da Louisiana, de 51 anos, entrou para a Câmara em 2017. Ele é desconhecido do público em geral, mas mesmo assim conseguiu garantir 220 votos na eleição ao fim de uma série de reviravoltas, pondo fim a três semanas caóticas de impasse no Congresso.


O recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson (R-LA), discursa nos EUA depois de ter sido eleito para ser o novo presidente da Câmara dos Deputados no Capitólio, em Washington, em 25 de outubro de 2023.
 REUTERS – ELIZABETH FRANTZ

No último dia 3 de outubro, o republicano Kevin McCarthy foi destituído do cargo de presidência por congressistas do seu próprio partido, em uma votação histórica no Congresso pelo ineditismo da manobra política. McCarthy foi acusado de ajudar os adversários democratas.

O caos na Câmara impediu até agora que o Congresso respondesse ao pedido do presidente Joe Biden de ajuda à Ucrânia e a Israel, que estão em guerra com a Rússia e o Hamas, respectivamente.

Em entrevista à RFI, Jérémy Ghez, professor associado de Economia e Assuntos Internacionais na HEC Paris Business School e autor de “Estados Unidos: declínio improvável, retorno impossível” (tradução livre em português), fez um breve perfil do novo presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos: “Estamos falando de uma figura política com a qual uma parte dos republicanos se identifica – conservador sobre o plano fiscal e orçamentário”.

O professor ressaltou que Mike Johnson possui também postura conservadora em questões sociais como aborto e casamentos entre pessoas do mesmo sexo. O novo líder da Câmara dos Deputados norte-americana é considerado um grande aliado de Trump.

“Ele nunca irritou o Donald Trump. Ele até mesmo participou dos esforços para invalidar as eleições de 2020”, comentou em relação à fama de Mike Johnson como apoiador do ex-presidente dos EUA.

Johnson, que é advogado especializado em direito constitucional, liderou a iniciativa assinada por mais de 100 congressistas republicanos em apoio ao processo do Texas que pretendia reverter a vitória de Joe Biden em 2020 e defendeu o ex-presidente durante o ‘impeachment’.

Vantagens para Trump?

Para Jérémy Ghez, Trump pode usar seu aliado para manter os republicanos em ordem, especialmente quando as dificuldades legais começam a se materializar nos julgamentos. “Penso que, dentro do Partido Republicano, há muitas pessoas esperançosas e talvez capazes de causar divergências ou desertar o líder. Com uma figura tão elevada como o presidente da Câmara dos Representantes, Trump pode continuar achando que vai manter as suas tropas disciplinadas até novembro do ano que vem. Mas a tarefa pode ser difícil, especialmente com um presidente da Câmara que pode se revelar extremamente fraco”, detalha.

Evitando o “shutdown”

O representante eleito deve agora gerenciar as discussões para evitar uma paralisação da administração, não apenas com negociadores experientes, como o senador democrata Chuck Schumer, mas também com membros de seu próprio partido. Ele também terá que lidar com as posições de seus colegas republicanos, que há semanas vêm demonstrando abertamente profundas discordâncias, principalmente no que diz respeito aos fundos solicitados pelo presidente Biden para a Ucrânia e Israel.

Ghez acredita que a crise no seio do partido republicano tende a continuar com a nova liderança: “As próximas semanas dirão, mas eu temo que ele volte a ser um presidente da Câmara dos Deputados muito fraco. (…) Muitas crises estão previstas no horizonte interno (do partido)”.

“A questão do ‘shutdown’ foi resolvida há poucos dias, mas não definitivamente e, claro, num clima político internacional particularmente preocupante. Mike Johnson terá que enfrentar negociadores extremamente experientes e o primeiro deles está na Casa Branca, o presidente Joe Biden”, explica o professor.

(Com informações de AFP e RFI)

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