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Manifestantes perturbam discurso de Macron na Holanda com críticas à reforma da Previdência


Manifestantes abriram uma faixa no local onde Macron fazia um discurso com a frase: “Presidente da violência e da hipocrisia”, em inglês.
AP – Peter Dejong

Em um discurso nesta terça-feira (11) em Haia, na Holanda, o presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu uma maior autonomia econômica da Europa e insistiu na necessidade de reforçar a competitividade do continente por meio de reformas. Antes de começar o pronunciamento, Macron foi interrompido por gritos de manifestantes revoltados com a reforma da Previdência francesa.

O pronunciamento aconteceu no Instituto de Pesquisas Nexus, como parte da agenda de dois dias de visita de Estado à Holanda. Quando Macron estava prestes a iniciar um discurso sobre o futuro da Europa, ele foi interrompido por pessoas que se aglomeraram nos balcões do anfiteatro.

Os manifestantes gritavam frases como “Onde está a democracia francesa?” e “A convenção do clima não é respeitada”. Eles também carregavam uma faixa com a frase “Presidente da violência e hipocrisia” em inglês.

Macron enfrenta desde janeiro uma onda de protestos contra a reforma da Previdência, que elevou a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos. Para aprovar o projeto de lei do Executivo, o governo utilizou várias vezes artigos constitucionais que aceleraram a tramitação no Parlamento. Na votação final, na Assembleia dos Deputados, vendo que não contaria com maioria no plenário para aprovar a reforma, a primeira-ministra Élizabeth Borne recorreu mais uma vez ao artigo 49.3 da Constituição, que permitiu a aprovação das medidas sem votação dos deputados.

Autonomia econômica diante dos concorrentes

Durante o discurso em Haia, que durou cerca de 30 minutos, Macron defendeu uma maior autonomia econômica da União Europeia e insistiu na necessidade de reforçar a competitividade do continente por meio de reformas. Ele também abordou a falta de competitividade no setor industrial, que descreveu como “tabu”.

“Precisamos dessa política industrial, porque nossos concorrentes interferem no mercado” europeu, enfatizou, pedindo um aumento dos subsídios. A mensagem era endereçada tanto aos Estados Unidos quanto à China.

O presidente francês chegou nesta terça-feira à Holanda envolvido em outra controvérsia.

No domingo, em entrevista publicada em diversos veículos de comunicação, como o jornal francês Les Echos, Macron defendeu a “autonomia estratégica” da União Europeia em relação à crise em Taiwan, um litígio que aumenta as tensões entre a China e os Estados Unidos. “Por que devemos ir no ritmo escolhido pelos outros? Em algum momento devemos nos perguntar se isso nos convém”, sabendo que “não queremos entrar em uma lógica de bloco contra bloco”, argumentou o líder francês, que acaba de retornar de uma visita à China.

Essas declarações foram criticadas por analistas e políticos na França e na União Europeia. Bruxelas reiterou hoje sua oposição a qualquer mudança de status quo em Taiwan, principalmente caso a China decida recorrer ao uso da força contra a ilha.

A controvérsia obrigou um dos amigos próximos de Macron, o eurodeputado Stéphane Séjourné, a reforçar que a França não permaneceu “equidistante” entre Pequim e Washington, mas “obviamente” é aliada dos Estados Unidos.

Macron visita a Holanda acompanhado pela primeira-dama, Brigitte. Eles foram recebidos com honras militares e hinos nacionais nesta manhã, no Palácio Real de Amsterdã, pelo rei, Willem-Alexander, e sua esposa, Maxima. Após a recepção e um almoço privado, o casal real oferecerá um jantar de Estado nesta terça-feira.

Esta passagem pelo país, logo após retornar de Pequim, marca a aproximação das relações da França com a Holanda, sobretudo, considerando-se o bom relacionamento pessoal de Macron com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte.

Os países do Leste Europeu, que permanecem muito próximos à Otan e à proteção dos Estados Unidos, olham com desconfiança para este movimento, enquanto Paris insiste em que ele é complementar à Aliança Atlântica.

(Com informações da AFP)

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