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Belarus vai acolher armas nucleares russas e afirma não infringir tratado sobre não-proliferação


O presidente Vladimir Putin (à dir.) e o bielorrussoAlexander Lukashenko durante encontro em Novo-Ogaryovo, nos arredores de Moscou, em 17/02/2023.
© AP – Vladimir Astapkovich

A Belarus vai acolher armas nucleares “táticas” russas em resposta às “pressões” ocidentais, afirmou nesta terça-feira (28) o ministério bielorrusso de Relações Exteriores em um comunicado no qual afirma não infringir artigos do tratado de não-proliferação de armamentos deste tipo.

“Há dois anos e meio a Belarus enfrenta pressões (…) sem precedentes da parte dos Estados Unidos, do Reino Unido e de seus aliados”, afirmou a diplomacia do país, denunciando uma “ingerência direta e grosseira” nos assuntos internos de Minsk.

As sanções econômicas e políticas contra a ex-república soviética, aliada da Rússia, são acompanhadas pelo “reforço do potencial militar” da Otan sobre o território dos países-membros da Aliança vizinhos de Belarus, diz o comunicado.

Neste contexto, a Belarus é “obrigado a tomar medidas de retaliação”, insistiu a diplomacia bielorrussa, garantindo, ao mesmo tempo, que Minsk não terá o controle sobre as armas e que sua implantação “não contradiz de maneira nenhuma os artigos I e II do tratado de não-proliferação nuclear”.

O acordo prevê que cada Estado nuclearmente armado se compromete a não transferir armas ou artefatos nucleares a outro Estado não armado. Ao mesmo tempo, os Estados que não contam com poderio nuclear também se comprometem a não receber transferências deste tipo de armamentos.

Retórica perigosa

Sábado (25), o presidente russo Vladimir Putin anunciou ter o acordo de Minsk para implantar armas nucleares “táticas” no território de Belarus. O país se situa na fronteira da União Europeia e é dirigido, desde 1994, por Alexandre Lukashenko, um dos principais aliados de Moscou.

Segundo o presidente russo, os preparativos para esta instalação devem começar no próximo mês.

O anúncio provocou duras críticas por parte dos países ocidentais. A Otan denunciou uma “retórica perigosa e irresponsável” da Rússia, enquanto a União Europeia ameaçou Minsk de novas sanções se esta implantação fosse realizada.

Os Estados Unidos reafirmaram não ter nenhuma razão de pensar que a Rússia se preparava para usar uma arma nuclear, condenando, ao mesmo tempo, o anúncio do Kremlin.

A Belarus não participa diretamente do conflito na Ucrânia, mas Moscou usou seu território para iniciar a ofensiva contra Kiev no ano passado.

O governo russo emitiu diversas vezes ameaças veladas de usar armas nucleares na Ucrânia em caso de escalada significativa do conflito.

(Com informações da AFP) 

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