DestaquePolítica

Saiba quem são os ministros do TSE que julgam a inelegibilidade de Bolsonaro

Por se tratar de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral é necessário que o quórum do TSE, de sete ministros, esteja completo

O julgamento que pode deixar inelegíveis o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu vice nas eleições de 2022, Walter Braga Netto, será retomado, nesta terça-feira (27/6), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Como se trata de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) é necessário que o quórum da Corte esteja completo. Ou seja, no caso do TSE, sete ministros precisam estar em plenário para proferir seus votos. Se ocorrer impedimento de algum deles, será convocado o substituto ou o respectivo suplente.

Card com ministros que estarão em plenário no dia do julgamento de Bolsonaro no TSECard com ministros que estarão em plenário no dia do julgamento de Bolsonaro no TSE

Os sete integrantes do TSE vão analisar o caso em que o ex-mandatário é investigado pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. A acusação é de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

Desde abril, quando o ministro Ricardo Lewandowski se aposentou e houve o término dos mandatos de Sérgio Banhos e Carlos Horbach, a composição da Corte foi alterada. A partir do ingresso de ação do PDT no TSE, Kássio Nunes Marques e André Tavares passaram de ministros substitutos para efetivos, e Floriano de Azevedo Marques Neto passou a compor o corpo de ministros do TSE.

Agora, eles julgam Bolsonaro e Braga Netto, sendo que a decisão na Aije já ocorre por maioria de votos, em sessão pública. Veja quem é quem:

Alexandre de Moraes — Presidente do TSE, Moraes ocupa a cadeira na Corte destinada a integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele assumiu a Presidência da Corte eleitoral em junho de 2022 e foi o responsável por conduzir as eleições do ano passado. O mandato de Moraes termina em 3 de junho de 2024.

O ministro entrou no STF indicado pelo ex-presidente Michel Temer, na vaga de Teori Zavascki, morto em um acidente aéreo. Ele é ainda relator dos inquéritos que apuram a existência de milícias digitais, fake news, os atos de 8 de janeiro, entre outros.

Cármen LúciaTambém oriunda do STF, Carmén Lúcia é vice-presidente do TSE e assumirá a Presidência em junho de 2024, com a saída de Moraes. A ministra foi indicada por Luiz Inácio Lula da Silva ao cargo no STF, em 2006.

Cármen Lúcia presidiu o STF no biênio de 2016 a 2018, sendo a segunda mulher a tomar posse na Suprema Corte, o que ocorreu em 21 de junho de 2006. Ela também foi a primeira mulher a presidir o TSE, comandando as eleições municipais de 2012. Em 2024, a ministra também será primeira mulher a presidir a Corte Eleitoral por duas vezes.

Kassio Nunes MarquesIndicado ao STF por Jair Bolsonaro, em 2020, Nunes Marques era ministro substituto do TSE e assumiu como efetivo em 25 de maio de 2023. O mandato dele na Corte Eleitoral vai até 2025.

Benedito GonçalvesÉ o atual corregedor-geral do TSE, na vaga destinada a membros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Benedito é relator de todas as 16 Aijes que investigam Jair Bolsonaro na Corte Eleitoral. A relatoria de Aijes é sempre de prerrogativa do corregedor; por isso, ele foi o escolhido.

Benedito foi indicado ao STJ por Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008. Ele foi o relator do caso que cassou o ex-deputado federal Deltan Dallagnol.

Raul Araújo FilhoO ministro também é membro do STJ. Tomou posse como substituto no TSE, em setembro de 2020, e assumiu como efetivo, em setembro de 2022. Raul Araújo chegou ao STJ em 2010. É coordenador no curso de especialização em direito tributário da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Floriano de Azevedo Marques Neto — Entrou no TSE em 30 de maio de 2023, na vaga de jurista, a fim de substituir Sérgio Banhos. Floriano de Azevedo é professor da Universidade de São Paulo (USP), mesma instituição onde Moraes leciona.

André Ramos Tavares — Era ministro substituto do TSE pela vaga de juristas e foi eleito efetivo em maio deste ano. É professor titular de direito econômico e economia política da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) e doutor em direito pela Pontifícia Universidade Católica paulista (PUC-SP). Foi professor visitante da Universidade de Glasgow, Escócia (2019), e da Universidade de Bologna, Itália (2012), nas quais lecionou direito constitucional econômico na graduação e no doutorado.

O TSE é composto por sete ministros titulares, sendo três ministros efetivos do STF, dois oriundos do STJ e dois procedentes da classe dos advogados, indicados pelo STF e nomeados pela Presidência da República.

Julgamento

Os sete vão analisar caso em que o ex-mandatário é investigado pelos ataques que fez ao sistema eleitoral brasileiro durante reunião com embaixadores, em julho de 2022. A acusação é de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O julgamento foi iniciado na quinta-feira (22/6), quando o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, leu a íntegra do relatório que resume o caso. Na mesma sessão, o advogado Walber Agra, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), apresentou os argumentos da acusação, e o advogado Tarcísio Vieira fez a defesa dos acusados.

Em seguida, o Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) apresentou parecer sobre o caso. O vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, reiterou o posicionamento de que existem elementos para configurar abuso de poder político para tornar Bolsonaro inelegível, mas Braga Netto, não.

Agora, nesta terça-feira, o julgamento será retomado com o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves. A sessão começa às 19h, com a expectativa de que seja lido um extenso voto, com cerca de 460 páginas.

Conduta ilegal

O abuso de poder político é uma conduta ilegal praticada durante a campanha eleitoral, que ocorre nas situações em que o investigado se aproveita do cargo para tentar influenciar o eleitorado.

Bolsonaro será julgado por suposto crime eleitoral, abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação. Na ação, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) alega que Bolsonaro, em reunião com diplomatas que estavam no país, proferiu discurso – amplamente divulgado na internet e transmitido pela TV Brasil – sustentando a ocorrência de fraudes no sistema de votação digital, utilizado no país desde 1996.

No encontro, no Palácio da Alvorada, o ex-mandatário da República levantou suspeitas sobre as urnas eletrônicas: “Eu teria dezenas e dezenas de vídeos para passar para os senhores por ocasião das eleições de 2018, onde o eleitor ia votar e simplesmente não conseguia votar. Ou quando ele apertava o número 1 e, depois, ia apertar o 7, aparecia o 3 e o voto ia para outro candidato”, diz um trecho do discurso a embaixadores.

Também está dentro do processo a investigação sobre vazamento de dados sigilosos do ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além da “minuta do golpe”, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres. A Corte investiga se há relação entre os fatos para desmerecer o sistema eleitoral.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo