Mundo

Lula tem agenda de turista em seu primeiro dia no Egito

A comitiva presidencial aproveitou a tarde desta quarta-feira para visitar as famosas pirâmides egípcias. Lula, a primeira-dama, Janja Silva, e os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, estiveram em Gizé, cerca de 20 km do Cairo, no fim da tarde, quando o movimento de pessoas em torno das pirâmides é bem menor do que pelas manhãs.


O presidente Lula e sua esposa Janja da Silva nas Pirâmides, no Cairo, em 14 de fevereiro de 2024.
 © X Janja da Silva – Ricardo Stuckert / Cláudio Kbene

O céu estava nublado e a temperatura ficou em torno dos 19°C. O grupo voltou no início da noite para o Palácio de Qubba, onde a comitiva brasileira está hospedada, a convite do governo egípcio. De acordo com a assessoria da presidência, Lula conversou ainda com o ex-ministro de Antiguidades e Turismo, Khaled al- Anani, sobre uma possível colaboração na recuperação e acervo do Museu Nacional, no Rio.

A chegada de Lula não teve muito destaque na mídia local. As atenções se voltaram para a visita do presidente da TurquiaRecep Tayyip Erdogan. Foi a primeira visita dele ao Egito desde 2012. Os dois países eram muito próximos, mas passaram com uma crise diplomática em 2013, quando o embaixador turco acabou expulso do Egito.

O fato de Erdogan ter sido recebido pelo presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, no aeroporto, e Lula pelo ministro do Turismo e Antiguidades, Ahmed Issa, não pode ser visto como uma demonstração de desprestígio em relação ao Brasil, que este ano completa 100 anos de relações diplomáticas com o Egito.

Erdogan ansiosamente esperado

É que a visita de Erdogan já vinha sendo ansiosamente aguardada pelos egípcios. No ano passado, os dois países voltaram a nomear embaixadores e agora seguem os esforços para que as relações voltem a ser como antes. Turquia e Egito possuem mais em comum, em se tratando de história, cultura e religião, do que o Brasil e seu anfitrião.

No fim da tarde, os presidentes turco e egípcio participaram de uma coletiva juntos. Sisi afirmou que Egito e Turquia trabalharão juntos para agilizar o envio de ajuda humanitária a quem ainda está na Faixa de Gaza.

O presidente egípcio foi claro ao destacar “as restrições impostas pelas autoridades israelenses à entrada desta ajuda, que faz com que os caminhões de ajuda entrem a um ritmo lento, o que não é compatível com as necessidades dos moradores da Faixa”.

Resposta a Israel

Este trecho do discurso de Sisi foi mais uma clara resposta a Israel, que acusou o Egito de ter fechado a fronteira com Gaza e, com isso, atrasado o envio de alimentos e outros tipos de ajuda para quem vem sofrendo com os ataques na região sitiada.

Os ataques israelenses não param. Só nos bombardeios nas últimas 24 horas, Israel matou mais de 100 pessoas e deixou cerca de 150 novos feridos. Por conta da ocupação, equipes de resgate enfrentam dificuldades para chegar com ambulâncias aos locais onde as vítimas estão. Desde outubro, quase 29 mil pessoas morreram por conta deste conflito entre Israel e Hamas. O número de feridos passa de 68 mil.

Este conflito também estará na pauta de conversas entre Lula e Sisi, na manhã de quinta-feira, último dia do presidente no Cairo.

O Egito, assim como o Catar, tem desempenhado um importante papel como mediador na busca por um cessar-fogo. Mesmo não tendo sido o único responsável pelas decisões sobre a saída de estrangeiros de Gaza, o Egito apoiou as operações do Itamaraty para resgatar mais de 100 brasileiros e seus familiares palestinos da Faixa de Gaza nos últimos meses.

Vinícius Assis, do Cairo para a RFI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo