Mundo

Níger: milhares de defensores de golpe militar se reúnem em estádio de Niamey

Cerca de 30 mil pessoas, partidárias do golpe de Estado militar no Níger, se reuniram em um estádio da capital do país africano na tarde deste domingo (6). A manifestação em Niamey aconteceu poucas horas antes da expiração do ultimato dado pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) para uma possível intervenção armada.


Os arredores do estádio Seini Kountché, em Niamey, foram tomados por defensores do golpe militar no Níger.
 AFP – –

O clima era de festa no estádio, o maior do Níger e que leva o nome de Seini Kountché, autor do primeiro golpe no país em 1974. Uma delegação composta por membros do Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP, que assumiu o poder) chegou ao local sob os aplausos de uma multidão onde era possível ver muitos carregando bandeiras da Rússia, além de retratos de líderes do movimento golpista.

O general Mohamed Toumba, um dos dirigentes do CNSP, fez um discurso no qual denunciou aqueles “que espreitam nas sombras”. Sem citar nomes, ele criticou os que tentam conter “marcha adiante do Níger”. “Estamos cientes de seu plano maquiavélico”, disse, sem dar detalhes.

Símbolo francês atacado

A tarde também foi marcada pelo sacrifício de um galo em praça público. O animal, símbolo da França, país que colonizou o Níger até 1960, foi pintado com as cores da bandeira francesa antes de ser degolado.

Essa não é a primeira vez que a França é alvo dos defensores do golpe. Na semana passada, alguns dos manifestantes tentaram entrar na sede diplomática francesa, enquanto outros arrancaram a placa “Embaixada da França no Níger” e a pisotearam, antes de substituí-la por bandeiras da Rússia e do Níger.

As relações entre os militares que tomaram o poder e a ex-potência colonial se deterioraram rapidamente. Os golpistas abandonaram na quinta-feira (3) os acordos de cooperação na área de segurança e defesa com a França, que mantém um contingente militar de 1.500 soldados no Níger para a luta contra os movimentos extremistas.Paris já retirou parte de seus cidadãos do território nigerino.

As manifestações deste domingo acontecem poucas horas antes da expiração do ultimado imposto em 30 de julho pela Cedeao aos militares que derrubaram o presidente Mohamed Bazoum, eleito em 2021. O grupo anunciou um prazo de sete dias para que os golpistas devolvessem o poder ao chefe de Estado, sob pena de uso da “força”. Até o início da noite, os generais que tomaram as rédeas do país africano em 26 de julho não pareciam dispostos a voltar atrás.

Força militar internacional

Os contornos de uma força conjunta para uma eventual intervenção militar foram “definidos” na sexta-feira pelos chefes do Estado-Maior da Cedeao. Alguns exércitos, como o do Senegal e da Costa do Marfim, disseram estar prontos para participar da operação.

O golpe foi condenado por todos os parceiros ocidentais e africanos do Níger. Mas os militares nigerinos receberam apoio de seus homólogos no Mali e em Burkina Faso – que também chegaram ao poder por meio de golpes em 2020 e 2022. Os representantes de Bamaco e Uagadugu afirmam que uma intervenção de forças externas no Níger seria vista por eles como uma “declaração de guerra”.

(Com AFP)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo