Mundo

Hamas acusa Israel de matar 20 pessoas que esperavam ajuda humanitária em Gaza

O Ministério da Saúde do Hamas acusou Israel nesta quinta-feira (25) de matar 20 pessoas que faziam fila para receber ajuda humanitária fora da Cidade de Gaza, e de ferir outras 150.


Pessoas feridas recebem tratamento no hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, após um suposto ataque israelense que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, matou pelo menos 20 pessoas e feriu mais de 150 enquanto esperavam por ajuda humanitária, em 25 de janeiro de 2024.
 AFP – –

“A ocupação israelense cometeu um novo massacre contra milhares de bocas famintas”, disse o porta-voz do ministério, Ashraf al-Qudra. A Jihad Islâmica, outro movimento palestino, falou de “projéteis de artilharia e foguetes”.

O exército israelense não confirmou a informação.

Várias testemunhas entrevistadas pela agência AFP afirmaram ter sido alvo do Exército israelense. Ambulâncias, com sirenes ligadas, lotaram o pronto-socorro do hospital al-Shifa.

No sul, os bombardeios foram incessantes nesta quinta-feira em Khan Younes, que Israel considera um reduto do Hamas. O Exército israelense afirma ter “cercado” a localidade, cidade natal de Yahya Sinouar, líder do Hamas em Gaza, considerado o idealizador do ataque de 7 de outubro contra Israel, que deu origem a ofensiva militar israelense no enclave palestino.

Na estrada junto ao mar, os moradores tentaram por todos os meios chegar a Rafah, na fronteira egípcia, com bagagens empilhadas em cima dos carros, com tratores ou em carroças carregadas. “Não sei para onde vou”, testemunhou Mousa Abu Youssef, explicando que decidiu fugir quando tanques atiraram perto dele. “Não levei nada, nem cobertores, nem barraca, nada mesmo.”

Ataque a prédio da ONU

Tiros de um tanque contra um prédio da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) em Khan Younes deixaram pelo menos “12 mortos e 75 feridos na quarta-feira (24), incluindo 15 em estado grave”, segundo Thomas White, responsável da organização em Gaza.

A UNRWA anunciou na quinta-feira que Israel exigia a evacuação deste abrigo, que acolhe milhares de pessoas deslocadas, e deu aos seus ocupantes “até às 17h00 de sexta-feira para o evacuarem”. O comissário geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, afirmou que as coordenadas deste centro de acolhimento foram “compartilhadas com as autoridades israelenses”, criticando “uma violação flagrante” das regras da guerra.

O Exército de Israel disseque “descartou (…) um ataque aéreo ou de artilharia”, mencionando “a possibilidade” de um tiro do Hamas ter atingido o local da ONU.

“Estamos exaustos. Pare”

Na Faixa de Gaza, sujeita a um cerco total por Israel desde 9 de outubro, a situação humanitária continua a piorar. Cerca de 1,7 milhão de pessoas fugiram de suas casas, expulsas pela guerra, e estão amontoadas no sul do pequeno território, em condições dramáticas.

“Estamos exaustos. Pare! Ambos os lados devem parar”, implorou Latifa Abou Rezk, chorando sobre os restos mortais de um parente num hospital em Rafah.

Mas numa gravação obtida pelo Canal 12 israelense, Benjamin Netanyahu considerou “problemático” o papel mediador do Catar, país que acolhe a liderança política do Hamas, organização classificada como terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

“Não tenho ilusões sobre eles. Eles têm os meios para exercer pressão (sobre o Hamas). E por quê? Porque eles o financiam”, disse ele novamente. O Catar respondeu dizendo que ficou “consternado” com as declarações atribuídas a Netanyahu, acusando-os de “obstruir e minar o julgamento”.

RFI

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo