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Justiça francesa inicia 1° julgamento por terrorismo neonazista contra acusados de planejar atentados

O processo de quatro membros do movimento neonazista na França, suspeitos de organizar atentados entre 2017 e 2018, teve início nesta segunda-feira (19) no Tribunal Penal Especial para Menores, em Paris. As audiências serão públicas, anunciou o presidente do tribunal, Christophe Petiteau.


O processo de quatro membros do movimento neonazista na França, suspeitos de organizar atentados entre 2017 e 2018, começou nesta segunda-feira (19) no Tribunal Penal Especial para Menores, em Paris
Getty Images/Stockbyte

Os acusados hoje têm entre 21 e 28 anos, mas um deles era menor na época. As audiências devem ocorrer até dia 30 de junho e inicialmente aconteceriam a portas fechadas. Mas, na abertura do julgamento, o promotor Olivier Dabin argumentou que os debates “eram de interesse público”, por se tratar do primeiro processo na França de terrorismo de ultradireita.

“A ameaça dos ataques em massa é nova e preocupante e se inspira nos ataques ocorridos nos países anglo-saxões. Essa ameaça tende a ser ‘importada’ para nosso território. A opinião pública merece ser informada da realidade desta ameaça, de suas ações e de seus projetos”, declarou Dabin.

Os advogados dos acusados contestaram a decisão, argumentando que os jovens poderiam falar mais abertamente sem a presença do público.

Os quatro acusados participavam de um fórum na internet conhecido como “Projeto Waffenkraft”. As conversas, segundo a polícia, abordavam a elaboração de atos terroristas, sugeridos pelo líder do grupo, Alexandre Gilet, “o mais radical e motivado” de todos, segundo os investigadores. Gilet é membro do movimento neonazista da França.

Ex-policial na região de Ain, no centro da França, ele entrou na mira da Justiça em 2018, quando uma empresa de produtos químicos denunciou à policia uma encomenda que despertou suspeitas.

Após a operação de busca e apreensão em sua casa, os policiais encontram material suficiente para fabricar explosivos e duas kalachnikovs, além de outras armas, vídeos e fotos suspeitos. A polícia também encontrou imagens dos quatro acusados fazendo a saudação nazista, durante um treinamento em uma floresta próxima de Tours, na região central da França, em 2018.

Ataque com caminhão

Alexandre Gilet passou então a ser monitorado pela Justiça, mas continuou praticando tiro ao alvo e se inscreveu em um curso para se tornar motorista de ônibus, o que preocupou os investigadores. Eles associaram o curso um manifesto encontrado no computador do suspeito. No texto, o ex-policial descreve como matar o máximo de pessoas possivel com um caminhão.

Em um segundo manifesto, o ex-policial explica que se radicalizou após os atentados de 13 de novembro de  2015. “Ele desenvolveu um ódio profundo e visceral, mas não fazia parte de nenhum partido político ou da extrema direita. Ele queria defender os outros e nunca colocaria seus projetos em prática”, disse à RFI sua advogada, Fanny Vial.

Entre os alvos do acusado, estavam bairros em Paris onde vivem muitos estrangeiros, além de mesquitas, reuniões do Conselho Representativo das Instituições Judias na França, o Parlemento europeu, a base aérea de Villacoublay, ao lado de Paris, e o Escritório da Liga Internacional contra o Racismo e o Antissemitismo. Os projetos também incluíam um ataque a um comício do líder da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon.

(Com informações da AFP)

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