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Papa Francisco denuncia “situação humanitária desesperadora” em Gaza durante discurso “Urbi et Orbi”

O papa denunciou nesta segunda-feira (25), na sua tradicional mensagem de Natal, “a situação humanitária desesperadora” em Gaza, apelando à libertação dos reféns ainda detidos e ao fim da guerra, “uma loucura sem desculpas” no território palestino como em outros lugares.


O papa Francisco na tradicional mensagem de Natal, no balcão da Basílica de São Pedro, no Vaticano, em 25 de dezembro de 2023.
 REUTERS – YARA NARDI

A correspondente da RFI, Anne Le Nir, acompanhou a mensagem do papa direto de Roma. Ela destaca que Francisco, que parecia relativamente em boa forma, relançou o seu apelo à libertação dos reféns israelenses, ainda nas mãos do Hamas, e solicitou que a situação humanitária desesperadora em Gaza fosse remediada.

“Trago no coração a dor pelas vítimas do odioso atentado de 7 de outubro e renovo um apelo urgente à libertação daqueles que continuam mantidos como reféns”, declarou o papa Francisco, de 87 anos, no seu tradicional discurso “Urbi et Orbi” (“à cidade de Roma e ao mundo”), em que fez ainda um panorama dos conflitos no mundo, enfatizando, mais uma vez, a necessidade de silenciar as armas.

O sumo pontífice também expressou sua profunda dor diante do massacre de inocentes. “Eles são os pequenos Jesuses de hoje. Portanto, dizer ‘sim’ ao Príncipe da Paz significa dizer ‘não’ a todas as guerras, uma loucura sem desculpas. Mas para dizer ‘não’ à guerra, é preciso dizer ‘não’ às armas. Pois se um homem, cujo coração está instável e ferido, tiver em sua posse instrumentos de morte, mais cedo ou mais tarde ele os usará. E como podemos falar de paz se a produção e o comércio de armas aumentam?”, declarou.

“Apelo ao fim das operações militares, com as suas terríveis consequências para vítimas civis inocentes, e para que a situação humanitária desesperadora seja remediada, permitindo a chegada de ajuda humanitária”, acrescentou diante de vários milhares de peregrinos reunidos na Basílica de São Pedro.

Quase três meses após o início da guerra entre Israel e o Hamas, a ajuda humanitária, cuja entrada em Gaza é controlada por Israel, chega aos poucos do Egito e da passagem fronteiriça israelense de Kerem Shalom, muito abaixo das imensas necessidades do devastado território palestino.

Na homilia proferida no domingo à noite, durante a missa de Natal na Basílica de São Pedro, o papa já havia condenado “o estrondo das armas” na Faixa de Gaza que manchou as celebrações em Belém – onde, segundo a tradição, nasceu Jesus Cristo -, na região ocupada da Cisjordânia.

Apelo para estabilidade política e social

Como todos os anos, durante este discurso à humanidade transmitido em todo o mundo, o líder dos 1,3 bilhão de católicos invocou “o príncipe da paz” – Jesus Cristo – para passar em revista os principais conflitos e fontes de tensões em ambos os hemisférios.

Ele citou a Síria, o Iêmen e o Líbano, pelos quais disse rezar “para recuperarem rapidamente a estabilidade política e social”.

O papa pediu “paz para a Ucrânia”, onde milhões de ortodoxos participaram de serviços religiosos desde domingo à noite para celebrar o Natal em 25 de dezembro pela primeira vez em sua história e como um sinal de desafio contra Moscou.

Paz também entre a Armênia e o Azerbaijão, envolvidos durante décadas num conflito territorial, mas também na “região do Sahel, no Corno de África, no Sudão, bem como em Camarões, na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul”.

Francisco disse esperar por “caminhos de diálogo e reconciliação na península coreana que possam criar as condições para uma paz duradoura”.

O papa argentino teve uma última palavra para o continente americano, exortando “as autoridades políticas e todas as pessoas de boa vontade” a “superar as questões sociais e políticas” para lutar contra a pobreza e “enfrentar o doloroso fenômeno da migração”.

(Com informações da AFP)

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