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Índia vincula tragédia ferroviária a falha no sistema de sinalização para evitar colisões

O ministro dos Transportes Ferroviários da Índia afirmou neste domingo (4) que a causa e os responsáveis pela maior catástrofe ferroviária no país nas últimas décadas foram identificados, fazendo menção ao sistema de sinalização eletrônico, mas sem revelar outros detalhes. O acidente, que aconteceu na sexta-feira (2) perto da cidade de Balasore, no estado de Odisha (leste do país), provocou pelo menos 288 mortes e deixou mais de 900 feridos.


Equipes de resgate socorrem feridos após colisão que envolveu dois trens de passageiros e um de carga, na sexta-feira, no leste do país. 3 de janeiro de 2023
AFP – DIBYANGSHU SARKAR

O ministro Ashwini Vaishnaw disse à agência de notícias ANI que ainda não era “adequado” revelar mais detalhes antes da elaboração do relatório final da investigação. Ele afirmou que “uma mudança que ocorreu durante o intertravamento eletrônico” provocou o acidente, utilizando um termo técnico que faz referência a um complexo sistema de sinalização projetado para impedir a colisão de trens, com o controle da circulação das composições. “Vamos descobrir quem fez isso e como aconteceu após uma investigação adequada”, acrescentou.

O jornal The Times of India, que cita uma investigação preliminar, afirmou neste domingo que uma “falha humana” pode ter provocado um dos piores acidentes ferroviários na história do país.

O “Coromandal Express”, que viajava entre Calcutá e Chennai, recebeu luz verde para circular pela via principal, mas foi desviado por uma falha humana para um trilho onde um trem de cargas estava estacionado, de acordo com o jornal. O trem de passageiros colidiu com a composição de cargas a uma velocidade de 130 km/h. Três vagões tombaram no trilho anexo, o que atingiu a parte final de um trem expresso de passageiros que seguia de Bangalore para Calcutá. Esta segunda colisão foi a que provocou mais vítimas, de acordo com o jornal The Times of India.

Escola vira necrotério

Uma escola do Ensino Médio próxima do local da tragédia foi transformada em um necrotério improvisado, onde as autoridades acompanham as famílias para tentar identificar as vítimas fatais. Arvind Agarwal, que coordena o necrotério improvisado, afirmou que os cadáveres estão “quase irreconhecíveis” depois de mais de 24 horas sob um calor escaldante. Ele informou às famílias que testes de DNA serão necessários para identificar as vítimas.

A tragédia aconteceu perto de Balasore, cidade do estado de Odisha a quase 200 quilômetros da capital regional Bhubaneswar.

Anubhav Das, que estava no último vagão da segunda composição, afirmou que ouviu “sons estridentes e horríveis que vinham de longe”. Após o acidente, ele declarou ter observado “cenas repletas de sangue, corpos mutilados e um homem com um braço amputado sendo ajudado desesperadamente por seu filho ferido”.

Resgate concluído

O balanço da tragédia pode aumentar para 380 mortos, de acordo com o diretor do corpo de bombeiros de Odisha, Sudhanshu Sarangi.

“Nenhum responsável pelo acidente ficará imune”, prometeu o primeiro-ministro Narendra Modi, que seguiu para o local da tragédia e visitou feridos no hospital. “Rezo para que consigamos superar este momento trise o mais rápido possível”, declarou ao canal público Doordarshan.

No sábado à noite, quase 24 horas após o acidente, as operações de resgate foram concluídas depois da inspeção de todos os vagões destruídos dos trens. “Todos os corpos e os passageiros feridos foram retirados do local do acidente”, declarou à AFP uma fonte da célula de coordenação de emergências de Balasore.

Todos os hospitais entre o local da tragédia e Bhubaneswar receberam vítimas do acidente, informaram as autoridades. Quase 200 ambulâncias e ônibus foram mobilizados para o transporte dos feridos.

Após a colisão, “as pessoas gritavam, pediam ajuda”, declarou Arjun Das, sobrevivente do acidente. “Havia feridos para todos os lados, dentro dos vagões, nos trilhos. Quero esquecer as cenas que vi”, acrescentou.

“Morte e sofrimento”

Correspondentes da AFP observaram vagões completamente tombados e as equipes de emergência trabalhando sem pausa para resgatar os sobreviventes. Muitos cadáveres, cobertos por lençóis, estavam ao lado dos trilhos.

Hiranmay Rath, um estudante que mora perto do local do acidente, correu para ajudar. Em poucas horas, ele afirmou ter visto mais “morte e sofrimento” do que poderia imaginar.

O papa Francisco se declarou “profundamente triste” com a tragédia e expressou condolências. O pontífice disse que está rezando pelas vítimas.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, também expressou “sinceras condolências”.

Este é o o pior acidente ferroviário na Índia desde 1995, quando uma colisão entre dois expressos perto de Agra, cidade onde fica o Taj Mahal, provocou mais de 300 mortes.

O acidente mais letal na história da Índia aconteceu em 6 de junho de 1981 no estado de Bihar (leste), quando sete vagões de um trem caíram de uma ponte no rio Bagmati, uma tragédia que provocou entre 800 e 1.000 mortes.

Com informações da AFP

 

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