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‘Mulheres em Cena’: projeto de professora da UFPB divulga trabalho de mulheres da cultura popular

Projeto nasceu em 2019 com objetivo de fomentar, apresentar e preservar a história das mulheres que fazem parte da cultura popular.

‘Mulheres em Cena’: projeto de professora da UFPB divulga trabalho mulheres da cultura popular — Foto: Arquivo Pessoal/Luciana Deplagne.

cultura popular brasileira é feita, principalmente, da resistência de muitas mulheres. Seja na música, no cordel, na dança… As mulheres se destacam levando a arte nordestina nas mais diversas linguagens. E foi pensando nisso que uma professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criou um projeto para apresentar a sociedade quem são essas as Mulheres em Cena.

O projeto “Mulheres em Cena” surgiu em 2019 a partir de uma iniciativa da professora Luciana Deplagne, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na capital paraibana João Pessoa.

Ao assumir o Núcleo de Pesquisa e Documentação da Cultura Popular (NUPPO), ela percebeu a existência de um rico acervo trabalhos culturais, como peças em artesanato e cordelteca. Mas, o que chamou a atenção da professora foi a ausência da produção feminina no grupo.

“O NUPPO é um espaço riquíssimo com um rico acervo de objetos utilitários, lúdicos, de artesanato, cerâmicas, acervo bibliográfico, acervo de audiovisual, uma cordelteca, xilogravuras. O que me chamou atenção foi ausência de uma produção feminina no Núcleo. Essa observação parte da minha vivência em grupos feministas há quase duas décadas, dentro e fora da universidade”, explica.

A professora, então, propôs a criação de um projeto de extensão na UFPB para cartografar a produção de mulheres da cultura popular brasileira. Uma iniciativa que envolvesse professores, estudantes voluntários e bolsistas e demais pesquisadores que pudessem, de forma conjunta, divulgar o trabalho de mulheres em torno das linguagens que dialogam na cultura popular.

Os trabalhos começaram durante o mês alusivo ao Dia da Mulher e ao dia do contador de histórias, em março, no ano de 2019. E para marcar o início das atividades, eventos especiais foram realizados presencialmente.

“Foi organizada uma jornada em homenagem a Luzia Tereza, considerada a maior contadora de histórias do Brasil. A jornada teve a participação de várias mulheres da cultura popular, que tiveram oportunidade de expor sua arte: cordelistas, xilogravadoras, contadoras de história, artesãs…”

A partir de então, foram feitas rodas de conversa, palestras, exposições… Todas as atividades com objetivo de reconhecer o trabalho e a resistência dessas mulheres e, principalmente, apresentá-las à comunidade geral como protagonistas da cultura popular.

Evento realizado na UFPB apresentou projeto "Mulheres em Cena" à comunidade acadêmica — Foto: Arquivo Pessoal/Luciana Deplagne

Evento realizado na UFPB apresentou projeto “Mulheres em Cena” à comunidade acadêmica — Foto: Arquivo Pessoal/Luciana Deplagne

Com o início da pandemia da Covid-19, os trabalhos do projeto passaram a acontecer remotamente. Mulheres como Marinês, Penha Cirandeira e As Ceguinhas de Campina Grande e Lourdes Ramalho foram reconhecidas e tiveram suas histórias abordadas em debates.

Além delas, outras mulheres que atuam na cultura popular e não tinham espaço de divulgação encontraram nas redes sociais do Mulheres em Cena a oportunidade de apresentar o trabalho que realizam ao mundo.

“Muitas vezes as próprias mestras, artistas entravam em contato (…) durante mais de dois anos, nossos canais foram abertos para a divulgação de suas artes. Foram organizadas lives, minicursos sempre com a participação de mestras, xilogavadoras, bonequeira, artesãs, cordelistas em diálogo com pesquisadores e pesquisadoras sobre a produção feminina na cultura popular”, relata a professora.

Para a professora, as personalidades são escolhidas a partir do critério de diversidade cultural. Com o propósito de dar visibilidade ao maior número possível de mulheres, o projeto considera, também, a quantidade de produções desenvolvidas por ela.

O trabalho acontece, também, com intuito de virar a página da história que insistiu em excluir diversos nomes de mulheres que ajudaram a construir a cultura popular, ainda de acordo com a professora. Iniciativa que é resultado de muitas reflexões, e que também serve para impulsionar tantos outros talentos femininos.

O objetivo é efetivamente fomentar o reconhecimento dessas mulheres e também incentivar outras mulheres ao reconhecerem que são muitas mestras, artistas que atuam na cultura popular, contrariamente aos relatos da historiografia androcêntrica, que não apenas na cultura popular, mas em todos as áreas do conhecimento buscaram excluir ou inferiorizar a produção de autoria feminina”.

 

Como resultado das pesquisas e das atividades nasceu um e-book temático “Mulheres em Cena: Protagonismo na Cultura Popular” – o trabalho acadêmico que materializou o desejo de preservar muitas histórias de luta.

Devido ao afastamento temporário da professora Luciana Deplagne, responsável pelo Mulheres em Cena, para o pós-doutorado, o projeto não foi oficialmente renovado. Mas, o desejo é renová-lo em breve para que muitas outras mulheres sejam reconhecidas e colocadas no lugar onde sempre estiveram: em cena.

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