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Primeiro-ministro populista de direita da Eslováquia está em estado crítico depois de ser baleado

O primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, está em estado crítico de saúde, depois de ser atingido por "vários tiros" quando saía de uma reunião de governo em uma cidade no centro do país. Um suspeito foi preso pela polícia. O ataque foi veementemente condenado pela comunidade internacional.


A polícia eslovaca deteve um suspeito (no chão) logo após a tentativa de assassinato do primeiro-ministro Robert Fico na cidade de Handlova, onde ele participava de uma reunião.
 © Radovan Stoklasa / Reuter

O líder populista de 59 anos, acusado de ser próximo do Kremlin, chegou ao cargo no ano passado. “Hoje, após a reunião do governo em Handlova, houve uma tentativa de assassinato contra o primeiro-ministro da República Eslovaca, Robert Fico”, indicou o governo nas redes sociais.

Fico recebeu o primeiro atendimento na unidade de cirurgia vascular do hospital de Handlova e foi transferido de helicóptero para a capital Bratslava, informou a diretora do hospital local, Marta Eckhardtova. A nota oficial do governo publicada no Facebook evoca uma “tentativa de assassinato”.

O jornal eslovaco Dennik N Daily informou que um de seus jornalistas escutou vários tiros e viu o primeiro-ministro caído no chão. Os seguranças transportaram o premiê ferido até um carro. O veículo também indicou que um suspeito foi detido pela polícia.

O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, adotou posicionamentos favoráveis ao Kremlin no conflito ucraniano.
O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, adotou posicionamentos favoráveis ao Kremlin no conflito ucraniano. AP – Petr David Josek

Ataque provoca condenação internacional

A presidente eslovaca, Zuzana Caputova, condenou o ataque que qualificou como “brutal e imprudente”. O suspeito foi preso, segundo Caputova. “Estou comovida. Desejo a Robert Fico muita força neste momento crítico para sua recuperação”, declarou em comunicado.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, também condenou o que chamou de um ataque “vil”. “Esses atos de violência não cabem em nossa sociedade e violam a democracia, nosso bem comum mais precioso”, afirmou Von der Leyen.

“Nada poderá justificar a violência ou tais ataques”, sublinhou também o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, também disse estar “chocada com o ataque horrível” ao líder eslovaco. “Em nome do Parlamento Europeu, condeno este ato de violência”, acrescentou a deputada maltesa.

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse estar “consternado”.

Amigo do húngaro Viktor Orban

Na Hungria, que faz fronteira com a Eslováquia, o primeiro-ministro Viktor Orban disse estar “profundamente chocado com o ataque hediondo perpetrado contra o meu amigo, o primeiro-ministro Robert Fico”. O dirigente acrescentou na rede X que reza “pela sua saúde e pela sua rápida recuperação”.

O primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, se mostrou igualmente “impactado” pela notícia. “Espero que o primeiro-ministro se recupere o mais rápido possível. Não podemos tolerar a violência, não tem cabimento na sociedade”, indicou na rede social X.

“Robert, meus pensamentos estão com você neste momento tão difícil”, disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

Logo depois de Robert Fico ser atingido pelos disparos, os seguranças do primeiro-ministro eslovaco o transportaram ferido no veículo oficial para o hospital da cidade.
Logo depois de Robert Fico ser atingido pelos disparos, os seguranças do primeiro-ministro eslovaco o transportaram ferido no veículo oficial para o hospital da cidade. © Radovan Stoklasa / Reuters

Além de seu atual mandato como primeiro-ministro, Fico também esteve à frente do governo entre 2006 e 2010 e entre 2012 e 2018. Desde a sua última eleição, em outubro, ele fez uma série de comentários que enfraqueceram os laços entre a Eslováquia e a vizinha Ucrânia. Fico questionou a soberania de Kiev e defendeu um compromisso com a Rússia.

Durante a campanha no ano passado, o premiê prometeu que a Eslováquia não enviaria mais “uma única bala de munição” à Ucrânia e defendeu melhores relações com a Rússia. Ele chegou a declarar que “a guerra na Ucrânia começou em 2014, quando fascistas ucranianos mataram vítimas civis de nacionalidade russa”, repetindo afirmações russas não comprovadas.

Apesar das relações complicadas, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também condenou “este ato de violência contra o chefe de governo do nosso Estado aliado vizinho”.

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse que estava “chocado com o tiroteio” que atingiu o premiê. “Condeno veementemente esse ataque. Meus pensamentos e solidariedade estão com ele, sua família e o povo eslovaco”, acrescentou o chefe de Estado francês em uma mensagem publicada no X.

presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também prestou solidariedade ao dirigente europeu ferido, condenando um ataque “hediondo”.

O governo brasileiro também reagiu ao ataque. “Ao reiterar seu firme repúdio a qualquer ato de violência política, o Brasil faz votos pela pronta recuperação do primeiro-ministro Fico e manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo da Eslováquia”, declarou o Ministério das Relações Exteriores em nota.

Reformas controversas

Fico também provocou protestos em massa devido às suas reformas controversas, incluindo uma lei de comunicação social que, segundo os críticos, irá minar a imparcialidade da rádio e da televisão públicas.

Em uma coletiva de imprensa após o tiroteio, o deputado Lubos Blaha, do partido Smer, de Fico, atacou os seus críticos. “Vocês, a imprensa liberal e os políticos progressistas, são os culpados. Robert Fico está lutando por sua vida por causa do seu ódio”, disse Blaha.

Com AFP

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