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Criado por Luiza Trajano, grupo Mulheres do Brasil comemora 6 anos de apoio às brasileiras na França

Imigrar significa trazer na bagagem inúmeros desafios. Implica não somente aprender um novo idioma e conhecer uma cultura diferente, mas é também – especialmente em se tratando da França – enfrentar burocracias que podem tornar o processo ainda mais árduo. Foi para dar suporte às brasileiras que estão nesta empreitada que foi criado, há seis anos, o Grupo Mulheres do Brasil Paris, que comemorou seu aniversário nessa sexta-feira (24) na presença da fundadora, a empresária Luiza Helena Trajano.


Luiza Helena Trajano comandou uma roda de conversas para comemorar o aniversário do Grupo Mulheres do Brasil Paris, do qual é fundadora, em 24 de novembro de 2023.
 © Tatiana Ávila

Cerca de 60 pessoas, na sua maioria mulheres, se reuniu na sede da embaixada do Brasil, em Paris, para comemorar o coletivo, que desde 2017 promove ações de apoio ao empreendedorismo, orientação, capacitação, prevenção e bem-estar às brasileiras que vivem na França. O grupo de Paris surgiu a partir de um projeto maior, criado há dez anos no Brasil pela empresária Luiza Helena Trajano.

“Eu sempre acreditei que através da sociedade civil organizada você podia ser política. Não partidária, mas política. E por meio de um grupo organizado, com propostas e fazendo acontecer, a história mostra que você pode influenciar a trajetória de um país”, destacou a presidente do Magazine Luiza, única mulher presente na Bolsa de Valores e presidente do Comitê da ONU para a igualdade de gênero.

Luiza Helena Trajano contou ainda como surgiu a ideia do grupo e como o coletivo evoluiu ao longo dos anos, por diversos países.

Há dez anos, fui convidada a levar empreendedoras a Brasília e éramos muito poucas, e eu comecei a convidar gente de todos os lugares por intuição mesmo. E o grupo acabou ficando muito grande, porque todo mundo queria ajudar o país. Começamos com 40 participantes e hoje já somos mais de 120 mil pessoas, em todo lugar do mundo. É um grupo que tem 21 causas, cada país escolhe a sua causa, a não ser o combate à violência contra a mulher, que está presente em todos os lugares. No Vale do Silício, Inglaterra, França, Japão, todos têm um núcleo de combate à violência contra a mulher, que é um desafio muito grande

Ana Perivolaris e Luiza Helena Trajano
Ana Perivolaris e Luiza Helena Trajano © Tatiana Ávila

Ana Perivolaris, uma das líderes do grupo, destacou, na abertura do evento, que o objetivo do coletivo, que é suprapartidário, é transformar o Brasil por meio do protagonismo da mulher, incentivando esse protagonismo nos mais diversos segmentos, bem como apoiando o desenvolvimento feminino na esfera profissional, pessoal e social. Para ela, o grande desafio nesses seis primeiros anos foi encontrar o papel do grupo no exterior.

“Primeiramente, precisávamos saber como poderíamos transpor, como transformar essa missão maior em núcleos no exterior, mas muito rapidamente nós percebemos que as causas que trabalhamos são globais. Saúde, educação, combate à violência contra a mulher, cultura, são pautas globais e os núcleos são uma extensão do Brasil. Além disso, acho que temos até o papel de mudar a imagem clichê que se tem da mulher brasileira. Temos aqui mulheres unidas trabalhando em diferentes causas com muito engajamento e profissionalismo. Como foi dito aqui no nosso aniversário, nós trazemos o sol para a França”, completou.

Engajadas pela integração e em prol do meio ambiente

As ações do grupo são variadas. Vão de campanhas de preservação do meio ambiente, passando por passeios culturais, suporte psicológico e jurídico à qualificação profissional para apoiar a entrada das imigrantes no mercado de trabalho francês. Para isso, o trabalho de atuação é dividido em núcleos. Atualmente, o grupo conta com 11 núcleos e 71 voluntárias.

“Temos 19 líderes de comitês, realizamos 67 ações em 10 meses e só neste ano nós impactamos cerca de 167 mil pessoas. E o mais gratificante é ver que não atendemos somente a região parisiense, mas a França toda”, completou Ana Perivolaris.

O grupo está presente hoje em todos os estamos brasileiros e em diversos países ao redor do mundo. Em Paris são 71 voluntárias
O grupo está presente hoje em todos os estamos brasileiros e em diversos países ao redor do mundo. Em Paris são 71 voluntárias © Tatiana Ávila

Violência contra a mulher

Uma das atuações mais importantes do Grupo Mulheres do Brasil é no apoio às mulheres vítimas de violência. Muitas imigrantes sofrem agressões e não sabem a quem recorrer por vergonha, medo, desinformação ou por não saber falar o idioma. Assim, a atuação da associação acaba sendo de extrema importância, como conta a voluntária Aline da Silva, responsável pelo núcleo de Combate à violência contra a mulher.

“Muitas mulheres nos procuram pelas redes sociais e a gente entende o caso para orientar, com nossas psicólogas e advogadas, e acolher. Muitas vezes, apenas pelo fato de serem ouvidas e poderem falar a própria língua já ajuda muito. O certo é que as vítimas denunciem à polícia, mas sabemos que nem todas as delegacias são preparadas para receber essa mulher, então tentamos dar esse apoio. E quando se está fora do seu país tudo é mais difícil, porque muitas dessas mulheres dependem do parceiro financeiramente ou por causa do visto. Muitas têm filhos e não podem ir embora se a residência da criança é aqui. Então é preciso todo um aconselhamento para que essa mulher possa sair desse relacionamento em segurança e da forma correta”, contou.

Aline também deixou um recado para as brasileiras e familiares na França que estiverem vivenciando situações de violência física e psicológica.

“Vocês podem nos procurar que nós vamos apoiar, mas é importante saber que há várias associações atuando na proteção dessas vítimas e tem um número nacional que é o 3919, que familiares, testemunhas, vizinhos podem ligar e eles orientam o que fazer. Eles atendem em vários idiomas, mas nós também vamos continuar atuando, especialmente para prevenir que esses casos aconteçam”, finalizou.

Noticiário Francês – RFI

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