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Pessimismo do mercado com governo Lula cresce e chega à marca estrondosa, aponta pesquisa; VEJA NÚMEROS

A discussão sobre uma possível mudança na meta fiscal de 2024 antes mesmo do início da vigência do novo arcabouço fiscal ampliou o pessimismo de agentes do mercado financeiro em relação ao desempenho da economia brasileira, à capacidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em entregar uma política fiscal eficiente.

De acordo com a pesquisa, de julho para cá, caiu para menos da metade (de 53% para 21%) o percentual de entrevistados que acreditam em uma melhora da economia brasileira em 12 meses. Apesar do tombo, o número ainda é melhor do que o registrado em março (6%) e maio (13%) − as duas primeiras edições do estudo com agentes do mercado financeiro. Já os que esperam uma manutenção do quadro atual oscilaram de 16% a 30% ao longo da série histórica, de 8 meses.

Para 73% dos entrevistados, a política econômica do país está na direção errada, enquanto 27% enxergam o contrário. A diferença entre os dois grupos chegou a ser de apenas 6 pontos percentuais em julho, quando o projeto de lei complementar que instituiu o novo marco fiscal, assim como algumas medidas de ajuste fiscal pelo lado das receitas, avançava no Congresso Nacional.

Questionados sobre o principal problema que dificulta a melhora da economia brasileira, de setembro para cá, subiu de 57% para 77% o grupo de entrevistados que apontam a falta de uma política fiscal que funcione. Na sequência, aparecem interesses eleitorais (9%), a alta taxa de juros (8%) e a baixa escolaridade e produtividade da população (6%).

Em relação ao desempenho do governo do presidente Lula, voltou a crescer o hiato entre otimistas e pessimistas. Para 52% dos entrevistados, a atual administração é negativa − uma alta de 5 pontos percentuais em relação a setembro. O percentual, no entanto, segue distante das piores marcas, registradas em março (90%) e maio (86%).

Já os que consideram a gestão do petista positiva somaram 9% na pesquisa − recuo de 11 p.p. em relação ao pico de julho, mas ainda acima da marca observada na primeira edição (0%). Outros 39% consideram o governo Lula regular, em uma oscilação de 2 p.p. em relação a dois meses atrás. Em julho, a diferença entre avaliações negativas e positivas chegou a 22 p.p., e agora ela soma 43 pontos.

O levantamento mostra, ainda, que 43% dos entrevistados avaliam positivamente o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) − oscilação negativa de 3 p.p. ante setembro). Já os que consideram a gestão negativa somam 24% (ante 23% no mesmo comparativo). Em julho, essa diferença que agora está em 19 pontos chegou a marcar 23 pontos. Por outro lado, no terceiro mês de governo, os pessimistas superavam os otimistas em 28 p.p. (38% contra 10%).

Para 39%, a força de Haddad está menor do que há dois meses, após a polêmica sobre o déficit zero que dividiu alas do governo. Outros 12% veem o ministro fortalecido, enquanto 49% não acreditam que o cenário mudou de lá para cá.

A percepção majoritária de enfraquecimento do ministro ocorre mesmo após ele se sair vitorioso no embate com parte da ala política do governo, que defendia a mudança da meta fiscal de 2024 − hoje definida em um resultado primário de 0% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme apontado nas peças orçamentárias em tramitação no Congresso Nacional.

A despeito da pressão de ministros e de alguns parlamentares, Lula optou por não encaminhar mensagem presidencial ao Legislativo ou patrocinar emenda para alterar a meta no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). A manutenção do objetivo ousado aumenta o risco de contingenciamentos em 2024 − o que preocupa aliados do governo. Mas ainda existe a possibilidade de a meta ser alterada neste ano ou ao longo da execução do próximo orçamento.

Apesar do desfecho parcial da disputa, agentes econômicos são céticos quanto à capacidade de o governo Lula entregar um equilíbrio para as contas públicas no ano que vem. Para 100% dos entrevistados pela pesquisa Genial/Quaest, a atual administração não conseguirá zerar o déficit primário em 2024. A maioria (49%) acredita, ainda, que a meta será alterada para um desequilíbrio entre despesas e receitas de 0,5% do PIB. Outros 18% apostam em déficit de 0,75% e 7% em um déficit de 0,25%. Há ainda um grupo de 20% que acredita na manutenção da meta de equilíbrio e 6% que esperam uma mudança da meta para déficit de 1% do PIB ou mais.

Caso o governo decida alterar o objetivo estabelecido, a maioria dos analistas, gestores e economistas de fundos acreditam que a inflação (56%) e o desemprego (49%) devem subir, e a Bolsa (49%) cair.

A pesquisa Genial/Quaest realizou 100 entrevistas com gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimentos com sede em São Paulo e Rio de Janeiro entre os dias 16 e 21 de novembro. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevistas online através de questionários estruturados.

InfoMoney

 

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