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Eleições: Espanha escolhe entre manter premiê socialista ou virar à direita

As seções eleitorais abriram na Espanha às 9h (4h em Brasília) deste domingo (23) e receberão eleitores até as 20h (15h em Brasília), quando se encerra a votação que decidirá o próximo primeiro-ministro do país. As eleições acontecem num período atípico, em pleno verão europeu, depois que o premiê socialista Pedro Sánchez dissolveu o Parlamento. As pesquisas de intenção de voto apontam para a vitória do candidato de direita, Alberto Nuñez Feijóo.


Eleitores vão às urnas em Madri, em eleições gerais convocadas em pleno verão europeu. (23/07/2023)
 AP – Manu Fernandez

Os números, entretanto, exigem cautela, já que a publicação das sondagens está proibida há cinco dias, conforme exige a legislação eleitoral espanhola, e num contexto em que cerca de 20% dos eleitores estavam indecisos na reta final da campanha.

Mais de 37,4 mil pessoas estão aptas para votar para renovar os 350 deputados e 208 senadores do país, além de eleger o próximo primeiro-ministro. Os primeiros resultados são esperados a partir das 21h locais, uma hora após o fechamento das urnas.

As pesquisas mostram uma vantagem do candidato Alberto Nuñez Feijóo, do Partido Popular (PP), sigla de direita, seguido pelo atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, do Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), de esquerda. No entanto, nenhum dos dois teria, sozinho, votos suficientes para obter a maioria no Congresso. A formação de alianças para o próximo governo é provável, em especial do Partido Popular com o Vox, de extrema direita, representado por Santiago Abascal.

Apesar do prognóstico, a imprensa espanhola tem ressaltado a imprevisibilidade do desfecho dessa corrida eleitoral que começou em maio, quando Pedro Sánchez dissolveu o Parlamento e adiantou as eleições gerais. A decisão ocorreu na sequência de diferentes derrotas da esquerda nas eleições regionais do país.

Em caso de vitória do PSOE, o primeiro-ministro deverá recorrer à Sumar, coalizão de esquerda liderada por Yolanda Díaz, para conseguir se manter na chefia de Governo.

Em pleno verão, recorde de votos por correspondência

Na Espanha, o voto não é obrigatório e, como as eleições acontecem durante as férias europeias – quando muitos espanhóis estão fora das cidades em que vivem – a participação nas urnas poderia ser mais baixa. Quase 2,5 milhões de pessoas já votaram por correspondência, um número recorde devido ao fato de a votação ser realizada, pela primeira vez, em pleno verão.

O número de votos por correio é 99,08% maior que o das eleições gerais celebradas em abril de 2019, quando 1.241.716 pessoas votaram por correspondência, e 82,06% maior que o das eleições de junho de 2016 (1.357.745) – que, até agora, representava o recorde histórico na modalidade.

Para suportar os níveis excepcionais, a empresa Correos diz ter contratado mãos de 21 mil reforços, além de ampliar os horários de funcionamento das agências e a logística de entregas.

Com a aproximação das eleições europeias de 2024, a virada para a direita da quarta maior economia da zona euro, depois da Itália no ano passado, constituiria um duro revés para as esquerdas europeias. A mudança seria ainda mais simbólica porque a Espanha atualmente ocupa a presidência rotativa da União Europeia.

Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI em Madri, com AFP

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