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Centro do Crime: Polícia Civil adota nova tática para impedir roubos de celulares a pedestres

Polícia tentará provar que o ladrão e o receptador do celular fazem parte de uma organização criminosa, maior que um 'simples furto'

Derick Toda, Fabio Diamante, Robinson Cerantula

O último episódio da série do SBT Brasil “Centro do Crime”, neste sábado (16), revela uma nova tática da Polícia Civil para tentar diminuir o intenso furto e roubo de celulares que ocorrem na principal avenida de São Paulo, a Paulista, e em toda a região central.

Seja disfarçado de entregador, à espreita de alguma pessoa distraída ou agindo em grupo, o modus operandi do crime tem um ponto em comum: a ação rápida sobre as duas rodas das bicicletas.

O transtorno e o prejuízo para as vítimas são muito maiores do que a punição para o bandido que pratica o crime. Se for preso em flagrante, o assaltante tem pena de 1 a 4 anos de reclusão. O que acontece, na prática, é que o ladrão não vai para a cadeia e o celular dificilmente é recuperado.

O subinspetor da Guarda Civil Metropolitana, Rogério Gomes Hidalgo, alega que cansou de prender reincidentes criminais por furto.

“A gente abordou um rapaz com uma bicicleta muito bonita, nova. O mesmo estava sem documento, mas tinha matrícula, era egresso, tinha 20 anos, puxou três meses de prisão por roubo de celular e foi solto. Conversando com ele, foi perguntado se ele faria de novo. Ele respondeu: ‘se o senhor me soltar e na esquina eu vir a oportunidade, eu vou pegar’”.

Para Ivana David, desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo, o problema da impunidade só será resolvido se a lei mudar.

“O furto é um crime que, de forma errônea, tem um olhar de que não é um crime grave, que não gera perigo à sociedade, que o furtador é vítima da sociedade. Eu acho que existem furtos e furtos, não dá para levantar uma tese de que furtar um celular de um indivíduo é um crime que não gera prejuízo”, afirma Ivana David.

Diante do prende-solta, solta-rouba, a Polícia Civil e a Polícia Militar passaram a adotar uma nova estratégia: a apreensão de bicicletas, que só são liberadas após a apresentação da nota fiscal de compra.

Segundo o coronel da Polícia Militar Paulo Sérgio de Melo, a ação de apreender as bicicletas reduz os meios utilizados para a prática do crime e, como consequência, o número de furtos e roubos contra pedestres.

Na experiência do delegado Ricardo Farabulini, o crime rápido de furto de celular na região é, normalmente, praticado por adolescentes.

“O perfil desse adolescente é aquele que não tem escola, não quer estudar, não quer trabalhar. Eu ouço todo santo dia de pais, principalmente das mães, que falam que não têm controle sobre o filho, sobre a filha”, conta Ricardo Farabulini.

Próximo passo

Responsável pela Delegacia Seccional do Centro, o delegado Jair Barbosa Ortiz já prendeu 158 ladrões das gangues de bicicleta. Agora, ele afirma que a Polícia vai tentar provar que o ladrão e o receptador do celular fazem parte de uma organização criminosa, de uma engrenagem maior que um “simples furto”.

Confira os episódios anteriores da série

 

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