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Pesquisa revela queda histórica na atividade sexual dos franceses: 25% não tiveram relações no último ano

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Francês de Pesquisas de Opinião (IFOP) publicada nesta terça-feira (6) revela que, em 50 anos, homens e mulheres franceses nunca fizeram tão pouco sexo como atualmente. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, mais de 25% dos jovens diz não ter tido relações sexuais no último ano. Para especialistas, a queda da atividade sexual poderia estar relacionada às novas tecnologias e a aumento da consciência sobre consentimento feminino.


Imagem de ilustração) Pesquisa revela queda histórica na atividade sexual dos franceses.
 Christoph Rosenberger/GettyImages

A pesquisa, realizada para a marca de sex toys sueca Lelo, coloca em questão a reputação do “amante francês”, mostrando uma queda histórica na atividade sexual no país.

Foram entrevistadas 2.000 pessoas maiores de toda a França, de 29 de dezembro de 2023 a 2 de janeiro de 2024. O estudo mostra que 25% dos franceses – que já tinham experiência sexual anterior – não tiveram relações sexuais durante os últimos 12 meses, contra 10% em 2006.

A falta de atividade sexual aumentou seis vezes entre os jovens de 18-24 anos e três vezes entre os de 35-49 anos. Entre as faixas etárias definidas pelo estudo, apenas as pessoas que têm entre 25 e 34 anos não são afetadas pelo aumento da inativi

Geração liberada

Os números mostram tendências sociais. As gerações dos anos 70 e 80 foram as da liberação sexual. Já a atual geração Z de 18-24 anos “está muito mais desconstruída nas normas de gênero, e nas diferentes formas de regras que pesam sobre o corpo e a intimidade”, analisa François Kraus, diretor do departamento de Política e Notícias do Ifop.

“Vemos bem que o fenômeno de queda de atividade sexual observado nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha e outros países ocidentais, atinge também a França por razões diversas e variadas que são sobretudo relacionadas às evoluções tecnológicas e societais ou culturais”, analisa.

Ele nota que os jovens, grupo no qual a pesquisa mostra uma queda mais vertiginosa, são os mais expostos às novas tecnologias. Mas salienta também uma evolução cultural “pós-me too”, com relação à ideia de “consentimento” feminino. “Então se naturalizou o fato de assumir uma não-sexualidade, contrariamente às gerações precedentes, pós-maio de 68, ou dos anos 80, 90, que eram muito mais sexualizadas, vamos dizer, em suas relações, em suas vidas, no cotidiano”, disse à RFI.

Diferentes fatores

Ele ressalta que a questão é multifatorial e que não existe apenas uma causa. Questões psicológicas, de consumo, hormonais e até de poluição ambiental desempenham um papel.

“Mas também temos os efeitos culturais que significam que hoje há uma revolução na relação com o consentimento, uma certa desconstrução do conceito de dever conjugal. Isso significa que hoje temos mulheres, em particular, que se obrigam muito menos ter relações para agradar ao parceiro”, diz.

“Mas a principal novidade, eu diria, é tecnológica. São as telas, que hoje desempenham um papel central na vida, seja no trabalho, principalmente na vida íntima”, ressalta. “Elas representam um problema porque canibalizam o precioso tempo a dois. Se usamos o tempo que temos como casal, por exemplo, para assistir uma série Netflix ou se usamos o tempo navegando nas redes sociais, isso muda, claro, as oportunidades de ter relações sexuais”, afirma.

Mas o estudo revela, que questões relacionadas à posição social podem pesar na hora do sexo. O número de pessoas que não tiveram relações sexuais no ano passado é maior entre indivíduos sem ensino médio completo (33%) que entre pessoas com estudos superiores (17%).

A inatividade sexual também é mais elevada nas pessoas que moram na região parisiense (33%), que em outras regiões (22%).

A falta de relações sexuais é maior também entre homens desempregados (36%), que entre os ativos (16%). Uma diferença menos marcada entre mulheres desempregadas.

RFI

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