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Putin acusa ocidentais pela guerra na Ucrânia e suspende participação russa em tratado nuclear


Vladimir Putin responsabilizou os países ocidentais pela guerra na Ucrânia e anunciou a suspensão da Rússia do tratado New Start sobre armas nucleares durante discurso à nação nesta terça-feira, 21 de fevereiro de 2023.
© via REUTERS / SPUTNIK

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu na terça-feira (21) continuar sua operação militar na Ucrânia, quase um ano após o início da ofensiva, em seu aguardado discurso sobre o estado da nação. Sem surpresa, ele atacou os países ocidentais, que acusa de utilizarem o conflito para manter sua hegemonia e “acabar” com a Rússia. O chefe de Estado também acusou o Ocidente de “normalizar a pedofilia” e anunciou a suspensão da participação do país em um tratado sobre armas nucleares.

As declarações foram feitas diante da elite política e militar do país, em seu tradicional discurso sobre o estado da nação, o primeiro em quase dois anos, que começou ao meio-dia em Moscou (6 horas em Brasília). O dia escolhido para o evento coincide com a data em que Putin assinou o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas ucranianas de Lugansk e Donetsk, na região do Donbass.

“Para garantir a segurança do nosso país, para eliminar as ameaças de um regime neonazista existente na Ucrânia desde o golpe de 2014, foi decidido realizar uma operação militar especial. E vamos definir passo a passo, com cuidado e metodicamente, os objetivos que estão diante de nós“, insistiu.

Responsabilidade pela guerra e pedofilia

O presidente russo também alegou que os países ocidentais são responsáveis pela escalada na Ucrânia, com o objetivo de “acabar” com a Rússia. “As elites do Ocidente não escondem seu objetivo de infligir uma derrota estratégica à Rússia, e acabar conosco de uma vez por todas”, insistiu.

“Nós fizemos tudo que era possível para resolver o problema pacificamente, negociamos de forma pacífica uma solução para sair deste difícil conflito, mas nas nossas costas, um cenário bem diferente estava sendo preparado”, disse o presidente russo. “O povo ucraniano é refém do regime de Kiev e de seus mestres ocidentais que ocupam de fato o poder do ponto de vista político, militar e econômico”, afirmou.

Putin também acusou o Ocidente de ter normalizado a pedofilia. “Olhem o que eles fazem com seus próprios povos: a destruição das famílias, das identidades culturais e nacionais, a perversão e os maus-tratos de crianças, até a pedofilia são declarados como sendo a norma (…). E os padres são obrigados a abençoar os casamentos homossexuais”, afirmou.

Tratado de armas nucleares

Em seu primeiro discurso à nação desde o início das operações militares na Ucrânia, o chefe do Kremlin voltou a fazer ameaças velados sobre a questão nuclear. Ele anunciou a suspensão da participação da Rússia no tratado New Start sobre armas nucleares, sem mencionar uma saída do acordo.

O tratado, assinado por russos e americanos para redução de armas nucleares estratégicas, entrou em vigor em fevereiro de 2011 por um período inicial de 10 anos. Pouco antes do término, os dois países concordaram em prorrogá-lo até 2026.

No discurso, Putin disse ainda que se os Estados Unidos realizarem testes nucleares, “a Rússia fará o mesmo”.

Pedido de investimento

Putin aproveitou a oportunidade para pedir às elites russas investimentos no país e apoio aos jovens e à economia russa. Ele criticou os empresários que investem em outros países, onde serão sempre “cidadãos de segunda classe” e defendeu o patriotismo econômico como estratégia para fazer a economia russa prosperar. “Os empresários devem estar do lado da pátria e trabalhar por seus compatriotas”.

O líder russo também pediu que os “traidores” do país sejam punidos. “Os que escolheram trair a Rússia devem ser considerados culpados pela lei”, declarou, afirmando, no entanto, que não se tratava de uma “caça às bruxas”.

Citando as sanções internacionais contra a Rússia, Putin afirmou que os ocidentais “não conseguiram nada e não conseguirão nada”. “Nós garantimos a estabilidade da situação econômica, protegendo os cidadãos”, destacou.

Putin também anunciou investimentos nas regiões de Lugansk e Donetski, incluindo a construção de creches e escolas e a reforma de prédios destruídos. Ele agradeceu o povo russo “por sua coragem e determinação” e foi ovacionado quando mencionou as quatro regiões anexadas pela Rússia por referendos sem legitimidade internacional. Na sequência, Putin pediu um minuto de silêncio para homenagear os mortos pelo conflito na Ucrânia.

Acusações absurdas

O secretário para a Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que as acusações do presidente Vladimir Putin eram “absurdas”. “Ninguém ataca a Rússia. A ideia de que a Rússia estava sob uma forma de ameaça militar da parte da Ucrânia ou de qualquer outro é absurda”, declarou em resposta ao discurso de Putin.

O presidente americano Joe Biden, que visita a Polônia nesta terça-feira, fará um discurso às 17h30 (13h30 em Brasília), no Palácio Real de Varsóvia.

(Com AFP)

 

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