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Polícia portuguesa investiga esquema ilegal de atribuição de vistos em consulado no Rio

A Polícia Judiciária portuguesa está realizando diversas buscas em Portugal e no Brasil para averiguar suspeitas de corrupção para obtenção de vistos e nacionalidade portuguesa no consulado português do Rio de Janeiro. A informação foi divulgada em um comunicado nesta segunda-feira (27).


A Polícia portuguesa realizou diversas buscas em Portugal e no Brasil, no âmbito de uma investigação cooperativa entre os dois países, sobre suspeitas de corrupção para obtenção de vistos e nacionalidade portuguesa no consulado do Rio de Janeiro, anunciou nesta segunda-feira (27) a Polícia Judiciária.
 AP – Armando Franca

O esquema envolveria duas das maiores organizações criminosas do país: o PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e o Comando Vermelho, no Rio, segundo o jornal português Diário de Noticias, que revelou o caso.

A polícia suspeita que organizações criminosas brasileiras tenham se beneficiado da “cumplicidade dentro do consulado” para obter vistos para que alguns dos seus membros possam viajar para Portugal.

A investigação é feita no âmbito de uma cooperação entre os dois países e visa “desmantelar procedimentos que permitem a legalização e certificação ilegal de documentos para obtenção da nacionalidade portuguesa ou de vistos”, explicou a Polícia Judiciária (PJ), em um comunicado.

De acordo com a reportagem publicada pelo jornal português, há casos, por exemplo, de “mortos ressuscitados” que conseguiram obter a nacionalidade portuguesa falsificando documentos, além de outros crimes, descobertos no consulado de Portugal no Rio de Janeiro em Botafogo, ao lado da favela de Santa Marta, controlada pelo Comando Vermelho.

Há suspeitas de corrupção passiva e ativa, desvio de fundos, usurpação de funções, abuso de poder e falsificação de documentos, segundo os investigadores portugueses.

Dez pessoas já teriam sido indiciadas, a maiores brasileiros, frisa o jornal, entre funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas dos funcionários. Há cerca de cem processos administrativos sob suspeita de fraude.

As práticas ilegais incluiriam “a atribuição de horários” no consulado de Portugal no Rio e o “acesso a informações privilegiadas”, especifica a polícia portuguesa. O “serviço” para cortar a fila no consulado custava cerca de € 300, de acordo com o Diário de Notícias.

Sala do Pânico

O consulado é visado pelas organizações criminosas, diz o jornal, e o medo da violência levou até mesmo à instalação de uma “sala do pânico” no local, após um episódio violento ocorrido em 30 de outubro de 2021.

O cônsul Luís Gaspar da Silva, atual embaixador em Windhoek, Namíbia, e a sua família foram feitos reféns por um grupo armado durante um suposto roubo no consulado. Ele deixou o cargo dois meses antes do fim, segundo o jornal. Desde então, a segurança foi reforçada.

Durante as buscas, a polícia portuguesa, que atendeu ao pedido de cooperação das autoridades brasileiras, coletou dados. Além de Lisboa, em Portugal, as buscas também ocorreram no Rio de Janeiro e em Saquarema (município a 70 quilômetros ao leste do Rio de Janeiro).

A investigação também busca relacionar o esquema de corrupção à instalação de membros do PCC em Portugal. O objetivo seria facilitar o tráfico de cocaína, já que a Europa é um dos principais mercados mundiais da droga.

(AFP e RFI)

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